Ao folhear os jornais de domingo detenho-me num título: “Europa prepara-se para um cenário de guerra”. No texto, lê-se que toda a política europeia de defesa, alicerçada ao longo de décadas num projeto de manutenção da paz, se transforma num outro modelo, como resposta a possíveis ameaças externas. E pergunto: que têm a dizer os partidos portugueses, em plena campanha eleitoral para as legislativas, sobre o assunto? O assunto, facilmente se percebe, está diretamente ligado à guerra na Ucrânia, e à enorme carnificina, a que assistimos quase indiferentes, praticada por Israel em Gaza. De nada disto se fala. Culpa nossa, jornalistas, mas culpa dos políticos também.

Estes, a pensar mais nos comentadores, limitam-se a uma espécie de pingue-pongue a ver qual tem melhor desempenho nos debates, nas arruadas e nos jantares-comícios. Nada de novo, portanto.
Há uma outra questão fundamental para o futuro, surgida na campanha. Um candidato conservador trouxe o tema das alterações climáticas a debate. Pelas piores razões. Para tal candidato, cabeça de lista por Santarém e putativo ministro da Agricultura se a AD ganhar as eleições no próximo domingo, a luta contra o aquecimento global baseia-se “em ideologias de extrema-esquerda, movidas por um dissimulado combate à criação de riqueza”.

Os portugueses, é claro, querem de igual modo saber se os partidos se comprometem a não cortar nas pensões a quem trabalhou toda uma vida; o que pensam fazer do SNS ou da escola pública, dos impostos e das portagens. Onde será instalado o célebre aeroporto e quantas percursos de alta velocidade teremos, neste país que alegremente fechou quase todas as linhas de comboio. Mas também queremos saber que parte dos nossos impostos serão direcionados para a política de defesa europeia e quais as medidas a encetar para legarmos o nosso planeta, minimamente respirável, às gerações vindouras.

QOSHE - A campanha passa ao lado - Paula Ferreira
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A campanha passa ao lado

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04.03.2024

Ao folhear os jornais de domingo detenho-me num título: “Europa prepara-se para um cenário de guerra”. No texto, lê-se que toda a política europeia de defesa, alicerçada ao longo de décadas num projeto de manutenção da paz, se transforma num outro modelo, como resposta a possíveis ameaças externas. E pergunto: que têm a dizer os partidos portugueses, em plena campanha eleitoral para as legislativas, sobre o assunto? O assunto, facilmente se percebe, está diretamente........

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