A seguir grande parte das sondagens, no próximo domingo a Aliança Democrática ganhará as eleições legislativas e Luís Montenegro poderá fazer o que tem prometido em campanha eleitoral: formar Governo. No entanto, também poderá haver um cenário em que o Partido Socialista consegue ultrapassar os votos da AD e da IL, se juntar aos seus os resultados dos partidos de Esquerda. Aí, há duas saídas: ou a Direita integra o Chega numa solução governativa ou deixa passar um Governo de Esquerda, regressando todos a 2015.

Hoje, quando se fechar a campanha eleitoral, ninguém saberá que Governo sairá do escrutínio eleitoral do próximo domingo. Um cenário provável será a AD ganhar sem maioria e, juntamente com a Iniciativa Liberal, apresentar-se em Belém com uma solução de Governo. Pedro Nuno Santos já assegurou que deixará passar essa fórmula. Aí, a Oposição dividir-se-á entre o PS e o Chega, cada um dos quais com o ameaçador interruptor de deitar o executivo abaixo a qualquer momento. Também poderemos ter um vencedor isolado, a AD, que facilmente poderá ser ultrapassada, se o PS somar os seus votos com os do BE, da CDU, do Livre e mesmo do PAN. Neste contexto, Luís Montenegro terá duas portas de saída: ou deixa a coligação juntar-se ao Chega, saindo desta equação, porque rejeitou liminarmente ser primeiro-ministro num executivo onde estivesse André Ventura; ou deixa passar um Governo de Esquerda, que pode apenas ter uma incidência parlamentar. Na primeira possibilidade, resta saber se o presidente da República aprovará um primeiro-ministro que não foi a votos, depois de ter rejeitado isso há pouco tempo...

Nestas duas semanas de campanha eleitoral, AD e PS não quiseram discutir estes cenários, porque os vasos comunicantes com os outros partidos estão entupidos e isso é muito significativo do ponto de vista político. Qualquer hipótese de um Governo em coligação corre o sério risco de rebentar por dentro. É assim AD-IL-Chega; é assim PS-BE-CDU-Livre. Estes primos do mesmo lado da família política são uma espécie de parentes desavindos. Em caso de crise aguda podem unir-se, mas na vida de todos os dias encontram permanentemente dificuldades de relacionamento. E isso é explosivo, quando há que gerir um país. Alguém imagina um Conselho de Ministros presidido por Luís Montenegro com André Ventura como ministro ou então Pedro Nuno Santos nesse lugar com Mariana Mortágua com uma pasta ministerial? É difícil e cada um deles sabe muito bem disso.

No próximo domingo, o melhor resultado para o país seria uma maioria absoluta de um destes partidos. Isso será inverosímil. O cenário provável de maiorias relativas abre portas para negociações muito difíceis e, como tal, para um regresso novamente às urnas a médio prazo.

QOSHE - Cenários eleitorais - Felisbela Lopes
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Cenários eleitorais

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08.03.2024

A seguir grande parte das sondagens, no próximo domingo a Aliança Democrática ganhará as eleições legislativas e Luís Montenegro poderá fazer o que tem prometido em campanha eleitoral: formar Governo. No entanto, também poderá haver um cenário em que o Partido Socialista consegue ultrapassar os votos da AD e da IL, se juntar aos seus os resultados dos partidos de Esquerda. Aí, há duas saídas: ou a Direita integra o Chega numa solução governativa ou deixa passar um Governo de Esquerda, regressando todos a 2015.

Hoje, quando se fechar a campanha eleitoral, ninguém saberá que Governo sairá do escrutínio eleitoral do próximo domingo. Um cenário provável será a AD ganhar sem........

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