O Dia de S. Valentim, Dia dos Namorados, como é também designado, já foi festejado há cerca de um mês, mas subsistem as graves questões que se colocam sob a capa dos afectos. Violência não é amor. Violência não é amar. Numa fase única da nossa existência, só tem cabimento o carinho, a alegria, o bem-estar e o querer entre um casal que busca a companhia que o fará feliz e cúmplice nas surpresas, boas e más, que a vida nos traz.

É evidente que tanto o jovem, como a jovem, o homem ou a mulher podem ser vítimas de maus-tratos físicos e psicológicos por parte do/a namorado/a. Certo é que, tal como na violência doméstica entre casais, na esmagadora maioria dos casos a vítima é a jovem, a mulher. Não se enganem, nem se autoculpabilizem as vítimas. O agressor é manipulador, possessivo, obsessivo e dominador. Não cederá nunca no seu carácter e na sua postura de tirano e de abusivo. Mostra-se necessário e fundamental preparar os jovens para o futuro e, por isso, há que prevenir no namoro a violência que transbordará depois para uma vida em comum. A violência psicológica e física arrasta-se no tempo da relação a dois e só acaba se a vítima assumir toda a sua força interior, auto-estima e dignidade, dizendo, peremptoriamente, “não” a uma relação contaminada. Ou, como infelizmente acontece frequentemente, a vítima é assassinada com malvadez, de forma cruel, pelo costumeiro agressor.

Os números dos maus-tratos no namoro vão num crescendo exponencial e é vital uma prevenção primária que comece nos bancos da escola, que se replique em temas de discussão pública permanente, até que as vítimas silenciosas ganhem voz e força para denunciar. Importa levar ao conhecimento e consciência das vítimas que a violência nunca é amor, mas sim um défice de personalidade do agressor que não vai terminar unilateral e voluntariamente.

Novo Governo vai ser empossado. Haja nele consciência e vontade para prevenir, intervir, agravando as molduras penais de tais condutas desumanizadas a quem, a pretexto de dizer amar, verte o seu ódio e deformação moral e criminosa na pessoa que devia respeitar e acarinhar.

Como dizia Ary dos Santos, “a posse vai-se acabar no tempo da Liberdade, o que importa é saber estar juntos em pé de igualdade”.

A autora escreve segundo a antiga ortografia

QOSHE - A violência no namoro - Cândida Almeida
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A violência no namoro

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24.03.2024

O Dia de S. Valentim, Dia dos Namorados, como é também designado, já foi festejado há cerca de um mês, mas subsistem as graves questões que se colocam sob a capa dos afectos. Violência não é amor. Violência não é amar. Numa fase única da nossa existência, só tem cabimento o carinho, a alegria, o bem-estar e o querer entre um casal que busca a companhia que o fará feliz e cúmplice nas surpresas, boas e más, que a vida nos traz.

É evidente que tanto o jovem, como a jovem, o homem ou a mulher podem ser vítimas de maus-tratos físicos e psicológicos por parte do/a........

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