Em Outubro passado, o Secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken fez sete países do Médio Oriente em 133 horas, proeza que deverá repetir esta semana, durante a quarta visita oficial à vasta região, em três meses! Desta vez, o pacote Jordânia, Turquia, Grécia, Israel, Cisjordânia, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Egipto, é bem significativo da gravidade da Linha Vermelha que se está sempre prestes a ultrapassar, quando o conflito se dá na vasta Palestina! Os recentes ataques certeiros israelitas no Líbano, fazem perigar uma resposta iraniana via Hezbollah, o que obrigaria as restantes “mãos invisíveis” a virem a jogo, rapidamente escalando do regional para o global, com mais faísca que a internet! É este o “agudo desta hora”, enquanto Hassan Nasrallah, líder do “Partido de Deus”, no literal de “Hizb-ullah” assegura às massas que o “destino marca a hora”, ao dizer que a timing da vingança será definido por si, em acordo com o Altíssimo!

Quanto a iniciativas para o estabelecimento da paz, de mais uma pausa, de mais uma seringa, Blinken serve precisamente de catalisador dessas vontades, dessas iniciativas, coordenadas “à portuguesa”, sem um polo central, sem um telefone vermelho! A Jordânia e o Egipto apresentaram as mais recentes propostas em debate. À chegada de Blinken a Amã, capital da Jordânia, o seu homólogo, Ayman Safadi, garantiu estar a coordenar com várias capitais árabes, um plano para uma solução dois estados. O mesmo inclui a “unidade sólida de Gaza, da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental”. Não dando pormenores quanto à sua execução do “plano jordano”, o “plano egípcio” parece ser mais prático, já que vai por fases. Primeiro, garantir uma sequência de cessares-fogo que garantam os “serviços mínimos” à população e inicie nova fase de boas-vontades de ambas as partes; segundo, uma troca da totalidade dos reféns israelitas ainda na posse do Hamas, pelo número máximo conseguido de prisioneiros palestinianos em Israel e, por último, o estabelecimento de um “cessar-fogo perpétuo”! O “plano jordano”, encaixa bem na sequência deste, com o político, o estabelecimento das fronteiras e a confirmação dos muros, a seguirem-se ao imperativo calar das armas!

Onde é que estas “soluções simples” vão falhar!

No facto de a “unidade sólida de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental”, da “proposta jordana”, significar o reconhecimento de um Estado Palestiniano independente e soberano com base nas fronteiras delineadas em Junho de 1967. Israel não aceitará, Biden a precisar de votos não aceitará e uma futura Administração Trump

também não aceitará. Por outro lado, os palestinianos também estão obrigados a criarem um novo devir, perante as mudanças, por muito indesejadas e ingratas que sejam. E ainda, em ano de Presidenciais americanas, qualquer plano que vá ao crivo de Washington terá muita dificuldade em ser aprovado, já que primeiro estão os cálculos eleitorais, depois o petróleo, depois os Óscares e só depois os palestinianos!

Todos os domingos, na Telefonia da Amadora, entre as 21h e as 22h, Programa “Um certo Oriente”, apresentado pelo Arabista António José, um espaço onde se misturam ritmos, sons e palavras, através das suas mais variadas expressões, pelos roteiros do Médio Oriente e Ásia.

Raúl M. Braga Pires, Politólogo/Arabista, é autor do site www.maghreb-machrek.pt (em reparação) e escreve de acordo com a antiga ortografia.

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As “piscinas” de Blinken no Médio Oriente

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10.01.2024

Em Outubro passado, o Secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken fez sete países do Médio Oriente em 133 horas, proeza que deverá repetir esta semana, durante a quarta visita oficial à vasta região, em três meses! Desta vez, o pacote Jordânia, Turquia, Grécia, Israel, Cisjordânia, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Egipto, é bem significativo da gravidade da Linha Vermelha que se está sempre prestes a ultrapassar, quando o conflito se dá na vasta Palestina! Os recentes ataques certeiros israelitas no Líbano, fazem perigar uma resposta iraniana via Hezbollah, o que obrigaria as restantes “mãos invisíveis” a virem a jogo, rapidamente escalando do regional para o global, com mais faísca que a internet! É este o “agudo desta hora”, enquanto Hassan Nasrallah, líder do “Partido de Deus”, no literal de “Hizb-ullah” assegura às massas que........

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