Jenin fica na Cisjordânia, situada a cerca de 30 quilómetros a sul de Nazaré. Tem um campo de refugiados com mais de 23 000 pessoas registadas - dados de 2022 da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos.

Neste campo há um projeto de arte - chama-se The freedom Theatre.

Na noite de 12 de dezembro Ahmed Tobasi, o diretor artístico do teatro, ouviu militares a bater à porta dos vizinhos. Vestiu-se de casaco de rua, pois saberia que a qualquer momento poderiam vir à sua casa também. A noite foi longa. Às 11h30 da manhã seguinte e ainda vestido, o diretor artístico saiu à rua e disse: "Porque estão a fazer todo este barulho? Estão a assustar as crianças."

Os militares israelitas viraram-se então para ele e bateram-lhe nas pernas. Fizeram-no despir o casaco e colocaram-no no chão, ao frio e à chuva obrigando-o a estar quieto. Entraram na sua casa e destruíram os seus bens, inclusive as plantas que tinha e que foram arremessadas à rua. Depois, com uma toalha vedaram-lhe os olhos e levaram-no preso.

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Esta descrição que a organização partilha em comunicado conta parte de uma atuação violenta que se tem espalhado também para a Cisjordânia e não apenas na Faixa de Gaza. Os atos de terror cometidos a 7 de outubro pelo Hamas e que fizeram reféns israelitas, entre muitos mortos, sucederam violência do lado oposto que faz o mesmo, só mudando a proporcionalidade da destruição. Todos naquela terra, de todos os lados, vivem com medo e sofrimento de diferentes proporcionalidades. Ninguém vive em paz ou descansado, desde o mar da Galileia no norte, ao deserto do Sinai a sul.

A Amnistia internacional, outras ONG, o Secretário-Geral da ONU, têm insistido num cessar-fogo como único caminho que pode levar ao resgate de todos os reféns israelitas, ainda vivos; que pode levar a ajuda humanitária a tantas mulheres, crianças e idosos, civis na Faixa de Gaza; que pode levar à discussão das causas profundas deste conflito e ao início do necessário caminho para uma paz com justiça e reparação, com lugar para todos.

No virar do ano, muitas pessoas não vão ver luzes de fogo de artifício, mas sim clarões de explosões.

Naquela Terra, que é santa para tantos e tantas, queremos Paz: é o único caminho.