Sergio Moro (União-PR) e seu declínio político, que deve ser consumado na cassação do mandato no Senado pelo TRE-PR no fatídico 1º de abril, e o retrato mais latente da Operação Lava Jato, criada há exatos 10 anos para desencadear um processo de lawfare que fez com que Lula passasse 580 dias na prisão antes de voltar para seu terceiro mandato na Presidência da República.

Insosso, o ex-juiz, cooptado como "super" ministro da Justiça por Jair Bolsonaro (PL) com a promessa de uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF), Moro foi às redes na manhã deste domingo (17) destinado a agradecer apoiadores da Lava Jato, mas só encontrou uma publicação para comentar até as 9h da manhã.

Antes, porém, fez mais uma declaração nonsense para comemorar a data. "A Lava Jato vive em cada brasileiro que acredita na honestidade e no Brasil. Os tempos sombrios passarão e a corrupção voltará a ser um crime em nosso país. A verdade está do nosso lado".

A verdade é que, passados 10 anos da instauração da força-tarefa, Moro já coleciona a anulação de 1 a cada 3 sentenças que deu sobre o caso.

Seu principal parceiro, o ex-procurador Deltan Dallagnol, agora política no velho Partido Novo, caiu no ostracismo e virou "mais realista que o rei" entre a horda que orbita em torno do fascismo de Jair Bolsonaro (PL).

Em entrevista ao Estadão, um dos braços midiáticos da Lava Jato, Dallagnol esperneia e, à lá Bolsonaro, diz que foi o Supremo Tribunal Federal (STF) quem acabou com a Lava Jato.

"O STF procura ciscos nos olhos da Lava Jato enquanto há troncos em seus próprios olhos", reclamou usando uma analogia bíblica, ao melhor estilo da hipocrisia bolsonarista.

Em delírio, Dallagnol, mesmo diante fotos e fatos que mostram o contrário, insiste que "Lula foi beneficiado por meio do triplex, de obras e de uma cozinha de luxo pagas pela empreiteira OAS, favorecida com contratos superfaturados na gestão do PT".

Passados dez anos da criação da Lava Jato, uma reportagem de fôlego da Piaui sobre as mensagens obtidas pela Operação Spoofing, revela a baixeza moral e o plano de poder em trocas de mensagens dos procuradores da força-tarefa.

O conteúdo tem origem no celular de Deltan Dallagnol e proveniente dos grupos BD (de “brigada digital”) e Terra de Brutos, repletos de procuradores do MP da Lava Jato e de outras operações.

Por lá, absurdos homofóbicos, xenofóbicos e machistas pareciam ser regra.

Helio Telho, procurador do estado de Goiás, defende que fumantes não deveriam ter direito de usar o SUS. Outro procurador, Ailton Benedito de Souza, defendeu taxar mais brasileiros que fumam "crack, maconha etc. Idem para quem pega HIV.”

Posteriormente, o procurador ainda escreveu “por isso que não tenho pena dos nordestinos […] Quando os vejo sofrer pelas suas desgraças, considero-as merecidas.”

Helio Telho, por exemplo, afirmou que é “50% irônico, 50% homofóbico, 100% matematicamente certo. A perpetuação da espécie depende do heterossexualismo".

Benedito, novamente, escreve que, para reduzir a taxa de natalidade, seria necessário “acabar com o Bolsa Família e todos os benefícios assistências que incentivam a procriação faria bem às famílias.”

Porém, o tema mais surpreendente sobre as mensagens é o machismo contra figuras da política nacional, como a então presidenta do Supremo Tribunal Federal Carmen Lúcia e a ex-primeira-dama Marisa Letícia.

A procuradora Lívia Tinoco, sobre a ministra Carmem Lúcia: "Eu gosto tanto da Cármen Lúcia. Acho ótima magistrada. Mas em matéria de cuidados corporais ela é péssima. Parece até ser anti-higiênica".

Laura Tessler, membra da Lava Jato, reproduz o pior tipo de humor bolsonarista. "Diz que o sítio é mesmo do Lula. A primeira foto mostra uma 51!!!”.

Posteriormente, Luiz Lessa ofende a falecida Marisa Letícia, chamando a ex-primeira-dama de “tribufu do inferno stalinista”.

Muito além do abismo que a Lava Jato jogou o país, que culminou com a ascensão política de figuras da força-tarefa enquanto o fascismo de Jair Bolsonaro chegou à Presidência, as mensagens mostram uma tentativa de alinhamento de uma elite mesquinha e tacanha para tomar de assalto o poder.

Moro, Deltan e o grupo de procuradores e aduladores - nas instituições e na mídia liberal - tentaram implantar uma autocracia de playboys no país, de visão torta e elitista, entregando tudo o que os agentes financeiros do neoliberalismo global querem. Começando pela Petrobras.

Foram derrotados e caminham para a lata de lixo da História, local reservado para figuras abjetas, como são Moro e Dallagnol.

E não foi por falta de aviso. O próprio Lula previu e deu o recado durante depoimento a Moro em 2017.

“O vazamento de conversas com a minha mulher e dela com meus filhos foi o senhor que autorizou. Deixa eu lhe falar uma coisa. Eu espero que essa nação nunca abdique de acreditar na Justiça. Agora, eu queria lhe avisar uma coisa. Esses mesmos que me atacam hoje, se tiverem sinais que eu serei absolvido, prepare-se, porque os ataques ao senhor vão ser muito mais fortes do que fazem até a ministro da Suprema Corte que não pensa como pensa a imprensa”.

QOSHE - 10 anos de Lava Jato: Moro agradece apoiadores na rede X (por enquanto 1) - Plinio Teodoro
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10 anos de Lava Jato: Moro agradece apoiadores na rede X (por enquanto 1)

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17.03.2024

Sergio Moro (União-PR) e seu declínio político, que deve ser consumado na cassação do mandato no Senado pelo TRE-PR no fatídico 1º de abril, e o retrato mais latente da Operação Lava Jato, criada há exatos 10 anos para desencadear um processo de lawfare que fez com que Lula passasse 580 dias na prisão antes de voltar para seu terceiro mandato na Presidência da República.

Insosso, o ex-juiz, cooptado como "super" ministro da Justiça por Jair Bolsonaro (PL) com a promessa de uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF), Moro foi às redes na manhã deste domingo (17) destinado a agradecer apoiadores da Lava Jato, mas só encontrou uma publicação para comentar até as 9h da manhã.

Antes, porém, fez mais uma declaração nonsense para comemorar a data. "A Lava Jato vive em cada brasileiro que acredita na honestidade e no Brasil. Os tempos sombrios passarão e a corrupção voltará a ser um crime em nosso país. A verdade está do nosso lado".

A verdade é que, passados 10 anos da instauração da força-tarefa, Moro já coleciona a anulação de 1 a cada 3 sentenças que deu sobre o caso.

Seu principal parceiro, o ex-procurador Deltan Dallagnol, agora política no velho Partido Novo, caiu no ostracismo e virou "mais realista que o rei" entre a horda que orbita em torno do fascismo de........

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