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União Europeia, erosão civilizacional e clarificação da estratégia 2030

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17.12.2025

No passado dia 5 de dezembro a Administração norte-americana publicou a sua Nova Estratégia Nacional de Segurança que, no essencial, confirma o discurso proferido em fevereiro pelo vice-presidente J.D. Vance na Conferência de Segurança de Munique. Neste documento de 30 páginas, a Administração americana afirma que a Europa padece de uma erosão civilizacional e que dentro de 20 anos estará irreconhecível.

Em traços gerais, o documento traduz uma aplicação da Doutrina Monroe transportada para o século XXI. Os EUA regressam ao hemisfério ocidental e americano, enquanto todas as outras relações geoestratégicas e geopolíticas são revistas à luz dos interesses vitais norte-americanos. Esta linha de pensamento revisionista da doutrina ocidental do pós-II Guerra Mundial transfere a relação transatlântica para um plano secundário e, nessa linha, também o conjunto de implicações diretas e indiretas da guerra entre a Ucrânia e a Rússia que passa a ser, sobretudo, um problema europeu e da União Europeia. Isto dito, quero crer que a UE estará obrigada a rever e clarificar, desde já, a sua estratégia no horizonte 2030. E começo com uma nota histórica.

Em 2030 completam-se 80 anos sobre a Declaração Schuman (9 de maio, Dia da Europa) que iniciou, formalmente, o projeto de construção europeia. A Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) foi a primeira comunidade a dar corpo ao projeto europeu. Diz-se nessa declaração: “A Europa não se fará de um golpe, nem numa construção de conjunto, far-se-á por meio de realizações concretas que criem em primeiro lugar uma solidariedade de facto.”

De facto, as Comunidades Europeias foram sendo construídas ao longo do tempo. No início, a CECA, com apenas seis países fundadores, depois os insucessos da comunidade de defesa e da........

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