As aventuras de John Nash nos Açores
John Nash foi um dos mais brilhantes prémios Nobel da Economia. É o protagonista do filme Uma Mente Brilhante (A Beautiful Mind) que ganhou 4 Óscares. O trabalho dele é eminentemente matemático e prende-se com teoria dos jogos, nomeadamente jogos não cooperativos. A ideia é que os mecanismos de atuação concertada de agentes na sociedade não precisam de ser cooperativos. Ou seja, decisões que parecem concertadas entre as partes não precisam de ser combinadas antes.
A situação política nos Açores é neste momento um exemplo perfeito de um destes jogos não cooperativos, em que os jogadores são o PS Açores (PS) e o CHEGA Açores (CH). É mais ou menos evidente que não há qualquer mecanismo de cooperação ou conluio entre eles, mas também é evidente que estão os dois metidos no chamado dilema do prisioneiro.
PS e CH têm cada um duas alternativas individuais (repito que não em conluio): o PS ou viabiliza ou rejeita o Governo de Bolieiro e o CH está na mesma situação — ou viabiliza ou rejeita o Governo de Bolieiro. Isto resulta numa matriz de 4 cenários possíveis, aos quais Nash chama equilíbrios.
Primeiro cenário: PS e CH rejeitam ambos o Governo.
No primeiro cenário, perdem todos. Não há Governo, o Representante da República fica sem alternativa que não seja pedir a dissolução da nova Assembleia Regional e partir para novas eleições, com Bolieiro em gestão até lá. Ainda que os partidos da oposição possam alegar que isto tudo resulta da instabilidade gerada pelas opções do PSD Açores, a verdade é que Bolieiro e a sua Aliança ganharam as eleições e foram a clara preferência para governar o Arquipélago, mesmo que em minoria.........
© Observador
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