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O Regresso dos Heróis

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29.11.2025

Depois da II Guerra Mundial e das pilhas de cadáveres que a Europa ergueu como monumento involuntário, Deus teve de ser reimaginado. O Holocausto, os totalitarismos, a sensação de que a fé falhou no momento em que mais precisávamos dela — tudo isso forçou a teologia a olhar para o abismo e perguntar se ainda havia algo para dizer.

O denominado “Deus após-Auschwitz”, o “Deus depois da morte de Deus”, levou a uma redescoberta da fragilidade do próprio Deus, e isso acabou por construir um discurso voltado para a reconciliação com as próprias feridas. “O elogio da imperfeição” ou “Jesus Vulnerável”, livros que acentuavam esta dinâmica, mesmo que de maneira mais acessível e não tanto académica, foram, aliás, êxitos recentes de vendas em Portugal, no que ao setor dos livros de religião diz respeito. De forma legítima, quis-se eliminar o sufoco do perfecionismo moral geralmente confundido com santidade e reequacionar uma mundividência castradora, determinista e casuística da realidade, e isso teve um traço de enorme libertação para experiências, muitas vezes, traumáticas de relação com o mundo religioso. No fundo, era........

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