Os resultados das eleições de 10 de Março de 2024 só surpreenderam quem insistiu em negar a realidade. Apenas a votação equivocada no ADN pode ser considerada uma surpresa, mas mesmo esse caso resultou de um enorme amadorismo e ingenuidade por parte da AD.

Recordar que o grande motivo – sempre negado - da criação, pelo PCP, da coligação APU e depois CDU, foi precisamente a confusão da sua sigla e símbolo com os do PCTP/ MRPP. Lição que a AD agora aprendeu, mas com elevados custos eleitorais: deixou de ganhar três deputados.

O PS deveria analisar os seus resultados, entrelaçando-os com a dimensão sociológica dos seus votantes. Estudos demonstram que, em conjunto com o PCP, é o partido com os eleitores mais velhos e com menor percentagem de jovens.

Aliado a esse facto e descontando a questão NATO, o esquerdismo estrutural deste PS transformou-o num partido gémeo do Bloco de Esquerda - BE. Tal evidência conduzirá, num futuro próximo, à canibalização desse mesmo Bloco pelo PS, convertendo-se este numa adaptação do grande sonho do Prof. Louçã para a esquerda portuguesa: o crescimento do seu BE dar-se-ia, mas dentro do “novo” PS. Afinal, uma barriga de aluguer, típica dos novos tempos, bem adequada ao género “woke”.

Só que, desse modo, o PS perderá o centro, como já está a acontecer. O desaparecimento natural do seu eleitorado mais velho, apenas irá ser compensado por uma juventude urbana caviar, que o encostará cada vez mais aos idos - mas ainda e sempre marxistas - “amanhãs que cantam”, agora travestidos de putativas modernidades, mas que já fazem parte dos esqueletos da história.

Por seu lado, o PSD, com inteligência, poderá mesmo ter um governo para mais de 2 anos. Se souber ganhar o centro, transformar-se-á no partido charneira da democracia portuguesa, com um Chega radical e extremista de um lado e com um PS radical e extremista do outro.

Em Outubro, quem chumbar o orçamento para 2025 será fortemente penalizado, não obstante alguns “comentadeiros” encomendados se esforçarem a opinar o contrário. Quem esticar o “bluff” e não conseguir recuar no momento da votação, poderá desaparecer do mapa nas eleições seguintes. Acresce que com eleições presidenciais em Janeiro de 2026, a partir de meados de 2025 não se poderá dissolver a Assembleia da República.

Já o Chega representa um voto que veio para ficar e que é tão válido como qualquer outro. Em democracia não existem votantes de primeira e votantes de segunda. As trincheiras abertas pela esquerda radical e pelo PS, são estúpidas e não conduzem a lado nenhum.

Nos 50 anos do 25 de Abril, ainda parece que para alguns só existe democracia quando ganham. A democracia não é propriedade de nenhuma pseudo intelectualidade esquerdista. A democracia e o 25 de Abril são do povo. De todos, todos, todos!

Se querem combater democraticamente o Chega, resolvam os problemas que mais de um milhão de portugueses identificaram: a imigração desregulada e a percepção de uma corrupção descontrolada.

O sagaz discurso do Dr. Passos Coelho no Algarve pretendeu, pedagógica e pacientemente, demonstrar como encostar o Chega às cordas: identificando aqueles problemas com frontalidade, mas propondo depois soluções diferentes. O Dr. Passos assinalou, sapientemente, qual o único caminho a seguir. Quem o criticou deveria agora morder a língua. Sonsos.

Uma última minudência: os resultados pressagiam que nas próximas autárquicas vai surgir uma terceira candidatura com condições de ganhar o Município de Santarém. Sim, a do Chega.

Riam-se, riam-se e arriscam-se a ter mais uma surpresa...

P.N.Pimenta Braz

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Resultados 2024

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19.03.2024

Os resultados das eleições de 10 de Março de 2024 só surpreenderam quem insistiu em negar a realidade. Apenas a votação equivocada no ADN pode ser considerada uma surpresa, mas mesmo esse caso resultou de um enorme amadorismo e ingenuidade por parte da AD.

Recordar que o grande motivo – sempre negado - da criação, pelo PCP, da coligação APU e depois CDU, foi precisamente a confusão da sua sigla e símbolo com os do PCTP/ MRPP. Lição que a AD agora aprendeu, mas com elevados custos eleitorais: deixou de ganhar três deputados.

O PS deveria analisar os seus resultados, entrelaçando-os com a dimensão sociológica dos seus votantes. Estudos demonstram que, em conjunto com o PCP, é o partido com os eleitores mais velhos e com menor percentagem de jovens.

Aliado a esse facto e descontando a questão NATO, o esquerdismo estrutural deste PS transformou-o num partido gémeo do Bloco de Esquerda - BE. Tal........

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