Querida avó,

Num piscar de olhos já passou a primeira semana deste novo ano. Podíamos passar o ano em revista, falar dos que morreram, dos que nasceram, de irmos, novamente, para eleições… Voltar a falar das JMJ, da cimeira (sem grandes resultados) do clima… mas tudo isto é “mais do mesmo”.

A morte continua à solta no Mundo. A Rússia invadiu a Ucrânia há praticamente dois anos. Quanto ao conflito entre o Hamas e Israel não há fim à vista e, entretanto, já morreram cerca de 20 mil pessoas nestes dois meses. Todos os dias, enquanto jantamos, vamos vendo na TV as crianças, mulheres e idosos, mortos ou a chorar desesperadamente solicitando a ajuda de trabalhadores de organizações humanitárias, médicos e jornalistas, que também vão morrendo.

No final do ano enviamos e recebemos muitas mensagens de “Bom Ano”. Na mensagem de Natal, o Papa Francisco falou da «matança de inocentes» e das «vidas destruídas» pela guerra, em particular, das crianças. Apelou à Paz no Médio Oriente e na Ucrânia: «O coração de todo o mundo está virado para Belém, onde reinam a dor e o silêncio».

O que não pode morrer é a esperança!

Falando de coisas boas, finalmente, vamos dar início ao nosso Podcast.
Os Podcasts, programas de rádio na internet, são uma das grandes tendências dos últimos anos. Claro que não podíamos ficar indiferentes a este fenómeno. Uma forma levar mais longe o que fazemos, tanto para os que vivem cá dentro como lá fora. Os nossos ouvintes vão connosco numa viagem às Memórias de Portugal.

Já te deste conta que este ano celebras 45 anos de obra literária?
Ainda bem que te ofereci uma agenda para tomares nota de tantas coisas.
Nos quiosques onde passo diariamente tenho visto à venda calendários, imagina. Ainda se compram calendários? Será que ainda existem calendários, com fotos ousadas, nas oficinas de automóveis?
Eu tenho tudo na agenda do telemóvel. Queres que te ensine?

Feliz Dia de Reis.

Bjs

Querido neto,

Mais do mesmo?!

Como sabes, esta avó que tanto te ama, não passa sem agendas e calendários! Isso de ter tudo no telemóvel não é para mim. É bom para os mais novos. Da minha agenda EM PAPEL, não abdico!

Passadas as festas, é altura de começarmos a limpar a casa, ou seja, deitar fora aquilo que já não nos serve para nada, ou que está fora do tempo, como calendários, jornais velhos, agendas… E substituí-los por as que agora estão em seu lugar.

Recentemente, entrei aqui na tabacaria para comprar um calendário que desse para este ano que acabou de começar. A empregada conhece-me há algum tempo, sorriu e fez sinal para eu esperar só um bocadinho porque ela estava a acabar de atender uma senhora.

Mas para meu espanto (e dela também) a senhora nunca mais se despachava. E o que ela queria era um calendário! Era só escolher entre dois ou três que estavam numa prateleira. Mas ela olhava, mirava e remirava e nunca mais se decidia. Até que finalmente pegou num deles e, com ar muito feliz, disse: «é mesmo este que eu quero!».

A empregada sorriu e disse:

«A senhora enganou-se, esse é um calendário deste ano que acabou agora! Esqueci-me de o deitar fora».

«Ainda bem que não deitou fora, até porque devemos sempre combater o desperdício, nunca ouviu dizer? E eu quero esse calendário».

«Mas…»

«Não adianta. É este calendário que vou levar. Os meses não são os mesmos? Os dias não são os mesmos? É facílimo para a nossa cabeça adiantar só um dia ao dia em que estamos. Se as pessoas pensassem sempre assim, poupava-se muito dinheiro mal gasto».

«Lá isso é verdade…», disse-lhe a empregada da loja, passando-lhe o calendário para as mãos.

Assim que a senhora saiu desatámos ambas a rir.

E diz-me a empregada:

«Acha que a senhora vai continuar a dizer que é facílimo quando descobrir que o próximo ano é bissexto?»

Não sei, mas gostava de estar ao pé dela quando ela desse por isso.

Feliz Dia de Reis.
Bjs

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Mais do Mesmo

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10.01.2024

Querida avó,

Num piscar de olhos já passou a primeira semana deste novo ano. Podíamos passar o ano em revista, falar dos que morreram, dos que nasceram, de irmos, novamente, para eleições… Voltar a falar das JMJ, da cimeira (sem grandes resultados) do clima… mas tudo isto é “mais do mesmo”.

A morte continua à solta no Mundo. A Rússia invadiu a Ucrânia há praticamente dois anos. Quanto ao conflito entre o Hamas e Israel não há fim à vista e, entretanto, já morreram cerca de 20 mil pessoas nestes dois meses. Todos os dias, enquanto jantamos, vamos vendo na TV as crianças, mulheres e idosos, mortos ou a chorar desesperadamente solicitando a ajuda de trabalhadores de organizações humanitárias, médicos e jornalistas, que também vão morrendo.

No final do ano enviamos e recebemos muitas mensagens de “Bom Ano”. Na mensagem de Natal, o Papa Francisco falou da «matança de inocentes» e das «vidas destruídas» pela guerra, em particular, das crianças. Apelou à Paz no........

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