A forma absolutamente mágica como os candidatos a primeiro-ministro descobrem riqueza e dinheiro para distribuir em apoios e subsídios, ao mesmo tempo que prometem crescentes benefícios fiscais, mostra bem a avidez com que abordam o acesso ao poder. Valem-se de puro ilusionismo para convencer o eleitor das capacidades ocultas de transformar pobreza em riqueza, tristeza em alegria, dificuldades em facilidades. A insistência e convicção é tanta, que parece possuírem essa improvável capacidade, própria apenas dos mais raros druidas, de fazer crescer dinheiro nas árvores.
Não é novidade que o modo como os partidos políticos foram promovendo uma classe de profissionais incubados essencialmente nas juventudes partidárias, sem grandes exigências de demonstrações de competência, profissional ou académica, resulta na evidente e gritante desqualificação, à vista de todos, que atingiu as direções e lideranças de marcas políticas como o PS e o PSD.

O PSD, antiquado, mostra bem a sua incapacidade em se atualizar e inovar ao, toxicamente, se aliar a um partido moribundo e a outro, monárquico machista, em estado de coma. Em minha opinião é a demonstração do desnorte da direção do PSD no que à modernização de Portugal diz respeito.
A direção do PSD tem razão quando ataca a manifesta falta de competência do adversário socialista. O problema para Portugal, para os portugueses e para as eleições do próximo dia 10 de março, reside no facto de, para além dessa capacidade de criticar o adversário (coisa fácil com um adversário tão fragilizado), este PSD, nesta aliança fora de prazo de validade, pouca credibilidade apresenta no que respeita às capacidades de gerir a mudança necessária realizar para que, efetivamente, o país inove, modernize, cresça e mude de forma sustentável e credível.

Considero, pelo que tenho lido dos programas, observado nas entrevistas e debates, que não fazem a mais pequena ideia de como gerar riqueza – condição imprescindível para a sustentação da esmagadora maioria das propostas, excessivamente mirabolantes, que todos se apressaram realizar.
Onde está a reforma do Estado? Onde está o desígnio económico? Onde está o papel de Portugal nas relações e diplomacia internacional? Onde está a reforma da justiça? Onde está o combate ao excesso de burocracia? Onde está a promoção das artes e da cultura? Onde está a meritocracia? Onde está a ciência e a tecnologia? Onde está a reforma das relações laborais? Onde está a modernização do ensino? Onde está a lei dos solos e o seu impacto na política de habitação? Onde está o ordenamento do território? Onde está a política energética? Onde está a política da água? Onde está a estratégia agrícola? Onde está a essência da marca Portugal? Onde está a força militar conjunta europeia? Onde está a Zona Económica Exclusiva Marítima?
Não estão, e os devaneios prometidos são provenientes das muitas plantações de árvores de patacas. Das árvores do dinheiro. A solução de todos os males e problemas que afetam Portugal.

Vivam as árvores do dinheiro!
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QOSHE - Vivam as árvores do dinheiro!!! - Eduardo Baptista Correia
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Vivam as árvores do dinheiro!!!

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25.02.2024

A forma absolutamente mágica como os candidatos a primeiro-ministro descobrem riqueza e dinheiro para distribuir em apoios e subsídios, ao mesmo tempo que prometem crescentes benefícios fiscais, mostra bem a avidez com que abordam o acesso ao poder. Valem-se de puro ilusionismo para convencer o eleitor das capacidades ocultas de transformar pobreza em riqueza, tristeza em alegria, dificuldades em facilidades. A insistência e convicção é tanta, que parece possuírem essa improvável capacidade, própria apenas dos mais raros druidas, de fazer crescer dinheiro nas árvores.
Não é novidade que o modo como os partidos políticos foram promovendo uma classe de profissionais incubados essencialmente nas juventudes partidárias, sem grandes exigências de demonstrações de competência,........

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