As tascas de Lisboa - segunda parte

A verdade é que neste rali das tascas a que me entreguei nos últimos tempos a quantidade é tão generosa versus o preço do prato que raramente tenho jantado para tentar caber na porta quando chego a casa.

Mais uma voltinha mais uma viagem e uma mão cheia de razões para visitar os restaurantes familiares que nos puxam pelas memórias e pelos sentidos. A verdade é que neste rali das tascas a que me entreguei nos últimos tempos a quantidade é tão generosa versus o preço do prato que raramente tenho jantado para tentar caber na porta quando chego a casa. Nestes espaços, como dizem os ingleses “what you see is what you get”, ou em bom português, “não há cá merdas”, um cesto de pão é um cesto com pão lá dentro, um queijo é um queijo e todos os pratos são aquilo que estamos exatamente à espera e que conhecemos bem da gastronomia portuguesa.

Na baixa de Lisboa, mais propriamente nos Restauradores, escondida na estreita Travessa do Forno, encontramos a custo “A Provinciana”. Avisaram-me para chegar cedo porque a procura é grande e de facto às 12:10 já o restaurante está cheio. Tento dar o nome mas dizem-me para me colocar na fila que acompanha a parede da rua, “tenha cuidado com os penetras que aparecem sempre por aí alguns”, avisa-me simpaticamente a empregada de mesa e filha do proprietário. Quando sou chamado, 30 minutos depois, já a fila atrás de mim vai tão extensa que passa a porta do restaurante seguinte. De entrada um cesto de pão, um queijinho seco partido às fatias e uma imperial. A seguir um cozido a sair da travessa com bons enchidos e carnes muito saborosas. O polvo à lagareiro também estava no ponto, super tenro e bem assado. Só o vinho da casa não era grande coisa. O Sr. Américo tem este espaço desde 1976, veio de Castro Daire e no meio da azáfama manda umas piadas para a mesa. Diz que gosta muito dos estrangeiros como clientes mas como não fala línguas prefere falar connosco e deixa os “tamagotchis” para a filha. Sugere-nos o molotof de sobremesa enquanto nos conta que “no outro dia estiveram aqui uns chineses que vinham com tanta fome que quando pousei o molho à espanhola para ir buscar os carapaus, enfardaram-no todo a molhar o pão”.

O Zé Pinto em Benfica é conhecido pela “Casa do Arroz de Feijão” e o nome, diga-se de passagem, encaixa na perfeição mas também dava para ser a casa das carnes na grelha tal é a qualidade. Tiras de secretos de porco preto e de plumas acompanhadas pelo tal do arroz e por umas batatas fritas caseiras. Tudo excelente, como estava também o pudim em forma metálica que me fez recordar os que a minha avó fazia. No Sítio de Gente Feliz em Porto Salvo uma tasca um pouco diferente, avisam-me logo mal me sento: “Você aqui não escolhe nada”. Pronto, que seja. Começamos bem com um pão caseiro, uns bons croquetes e um queijo em azeite. Logo de seguida uns pimentos padron (neste todos non), uma tomatada com batatas fritas caseiras e ovos, assim num género de ovos rotos e uma carne também em tiras muito bem grelhada. O vinho da casa era bom. Veio ainda um chambão que se desfazia na boca. Para finalizar uma tarte e uma aguardente de figo. Ah, à entrada um placar grande avisa logo, que não têm sangria, nem tofu, nem refrigerantes e muito menos pressa.

Finalizo em grande com o Cantinho do Alfredo em Campolide, com preços pornográficos que variam entre os 6 e os 8€, o vinho da casa era tão bom que não veio sozinho mas aqui a estrela é mesmo a comida e para começar veio uma linguiça assada. De seguida um arroz de polvo malandrinho dos melhores que já comi, um bacalhau assado com batatas a murro que se desfazia e um entrecosto na brasa com batatas fritas caseiras. Tem poucas mesas por isso convém ir cedo mas a comida vale mesmo a pena. Venham as próximas!

Mais uma voltinha mais uma viagem e uma mão cheia de razões para visitar os restaurantes familiares que nos puxam pelas memórias e pelos sentidos. A verdade é que neste rali das tascas a que me entreguei nos últimos tempos a quantidade é tão generosa versus o preço do prato que raramente tenho jantado para tentar caber na porta quando chego a casa. Nestes espaços, como dizem os ingleses “what you see is what you get”, ou em bom português, “não há cá merdas”, um cesto de pão é um cesto com pão lá dentro, um queijo é um queijo e todos os pratos são aquilo que estamos exatamente à espera e que conhecemos bem da gastronomia portuguesa.

Na baixa de Lisboa, mais propriamente nos Restauradores, escondida na estreita Travessa do Forno, encontramos a custo “A Provinciana”. Avisaram-me para chegar cedo porque a procura é grande e de facto às 12:10 já o restaurante está cheio. Tento dar o nome mas dizem-me para me colocar na fila que acompanha a parede da rua, “tenha cuidado com os penetras que aparecem sempre por aí alguns”, avisa-me simpaticamente a empregada de mesa e filha do proprietário. Quando sou chamado, 30 minutos depois, já a fila atrás de mim vai tão extensa que passa a porta do restaurante seguinte. De entrada um cesto de pão, um queijinho seco partido às fatias e uma imperial. A seguir um cozido a sair da travessa com bons enchidos e carnes muito saborosas. O polvo à lagareiro também estava no ponto, super tenro e bem assado. Só o vinho da casa não era grande coisa. O Sr. Américo tem este espaço desde 1976, veio de Castro Daire e no meio da azáfama manda umas piadas para a mesa. Diz que gosta muito dos estrangeiros como clientes mas como não fala línguas prefere falar connosco e deixa os “tamagotchis” para a filha. Sugere-nos o molotof de sobremesa enquanto nos conta que “no outro dia estiveram aqui uns chineses que vinham com tanta fome que quando pousei o molho à espanhola para ir buscar os carapaus, enfardaram-no todo a molhar o pão”.

O Zé Pinto em Benfica é conhecido pela “Casa do Arroz de Feijão” e o nome, diga-se de passagem, encaixa na perfeição mas também dava para ser a casa das carnes na grelha tal é a qualidade. Tiras de secretos de porco preto e de plumas acompanhadas pelo tal do arroz e por umas batatas fritas caseiras. Tudo excelente, como estava também o pudim em forma metálica que me fez recordar os que a minha avó fazia. No Sítio de Gente Feliz em Porto Salvo uma tasca um pouco diferente, avisam-me logo mal me sento: “Você aqui não escolhe nada”. Pronto, que seja. Começamos bem com um pão caseiro, uns bons croquetes e um queijo em azeite. Logo de seguida uns pimentos padron (neste todos non), uma tomatada com batatas fritas caseiras e ovos, assim num género de ovos rotos e uma carne também em tiras muito bem grelhada. O vinho da casa era bom. Veio ainda um chambão que se desfazia na boca. Para finalizar uma tarte e uma aguardente de figo. Ah, à entrada um placar grande avisa logo, que não têm sangria, nem tofu, nem refrigerantes e muito menos pressa.

Finalizo em grande com o Cantinho do Alfredo em Campolide, com preços pornográficos que variam entre os 6 e os 8€, o vinho da casa era tão bom que não veio sozinho mas aqui a estrela é mesmo a comida e para começar veio uma linguiça assada. De seguida um arroz de polvo malandrinho dos melhores que já comi, um bacalhau assado com batatas a murro que se desfazia e um entrecosto na brasa com batatas fritas caseiras. Tem poucas mesas por isso convém ir cedo mas a comida vale mesmo a pena. Venham as próximas!

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27.02.2024

As tascas de Lisboa - segunda parte

A verdade é que neste rali das tascas a que me entreguei nos últimos tempos a quantidade é tão generosa versus o preço do prato que raramente tenho jantado para tentar caber na porta quando chego a casa.

Mais uma voltinha mais uma viagem e uma mão cheia de razões para visitar os restaurantes familiares que nos puxam pelas memórias e pelos sentidos. A verdade é que neste rali das tascas a que me entreguei nos últimos tempos a quantidade é tão generosa versus o preço do prato que raramente tenho jantado para tentar caber na porta quando chego a casa. Nestes espaços, como dizem os ingleses “what you see is what you get”, ou em bom português, “não há cá merdas”, um cesto de pão é um cesto com pão lá dentro, um queijo é um queijo e todos os pratos são aquilo que estamos exatamente à espera e que conhecemos bem da gastronomia portuguesa.

Na baixa de Lisboa, mais propriamente nos Restauradores, escondida na estreita Travessa do Forno, encontramos a custo “A Provinciana”. Avisaram-me para chegar cedo porque a procura é grande e de facto às 12:10 já o restaurante está cheio. Tento dar o nome mas dizem-me para me colocar na fila que acompanha a parede da rua, “tenha cuidado com os penetras que aparecem sempre por aí alguns”, avisa-me simpaticamente a empregada de mesa e filha do proprietário. Quando sou chamado, 30 minutos depois, já a fila atrás de mim vai tão extensa que passa a porta do restaurante seguinte. De entrada um cesto de pão, um queijinho seco partido às fatias e uma imperial. A seguir um cozido a sair da travessa com bons enchidos e carnes muito saborosas. O polvo à lagareiro também estava no ponto, super tenro e bem assado. Só o vinho da casa não era grande coisa. O Sr. Américo tem este espaço desde 1976, veio de Castro Daire e no meio da azáfama manda umas piadas para a mesa. Diz que gosta muito dos estrangeiros como clientes mas como não fala línguas prefere falar connosco e deixa os “tamagotchis” para a filha. Sugere-nos o molotof de sobremesa enquanto nos conta que “no outro dia estiveram aqui uns chineses que vinham com tanta fome que quando pousei o molho à espanhola para ir buscar os carapaus, enfardaram-no todo a molhar o pão”.

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