No domingo passado celebrou-se o Dia da Geografia Portuguesa. A Geografia é importante no ensino, no planeamento e em múltiplos aspetos da nossa vida. Curiosamente, nas políticas públicas continua-se a atribuir valor praticamente único à dimensão setorial (ambiente, saúde, habitação, ...) e muito pouco aos seus efeitos na dimensão geográfica. De facto, em regra, as políticas são adotadas à escala nacional, esquecendo-se que, quase sempre, a realidades territorialmente diferentes devem corresponder medidas igualmente diferentes.

Esta cegueira geográfica é especialmente grave quando o nível municipal absorve apenas 13,6% da receita pública (dados de 2020) e o país é muito diverso, mas marcadamente centralista e com pouca articulação entre os setores. Esquece-se que a eficiência das políticas é maior quando se respeita a subsidiariedade e, mais importante ainda, quando elas se conjugam num espaço concreto. O recente Relatório de Coesão da União Europeia devia fazer pensar, ao recomendar que “os investimentos orientados para o futuro devem ser desenhados especificamente para as forças únicas, desafios e necessidades de cada região”. Afinal, as políticas específicas não apenas respondem mais facilmente ao que as pessoas querem, como são capazes de obter maiores ganhos de eficiência, permitindo fazer mais com menos.

Os partidos, em campanha, o que dizem sobre isto? Quase nada, infelizmente. E os programas também deixam muito a desejar. Salvam-se as referências. Quem mais refere “geografia” ou palavras da família são o Chega (12) e o Livre (10). O PS lidera em “território”, que aparece 133 vezes, ficando à frente de Livre (110) e AD (94), como também nas menções à palavra regionalização (6), com a AD em último, sem qualquer referência.

QOSHE - Geografia e política(s) - Rio Fernandes
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Geografia e política(s)

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28.02.2024

No domingo passado celebrou-se o Dia da Geografia Portuguesa. A Geografia é importante no ensino, no planeamento e em múltiplos aspetos da nossa vida. Curiosamente, nas políticas públicas continua-se a atribuir valor praticamente único à dimensão setorial (ambiente, saúde, habitação, ...) e muito pouco aos seus efeitos na dimensão geográfica. De facto, em regra, as políticas são adotadas à escala nacional, esquecendo-se que, quase sempre,........

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