No ano passado, o “Plano para a Região do Porto”, de Johnson-Marshal e Costa Lobo, fez 50 anos.

Infelizmente, de então para cá, em matéria de ordenamento, apostou-se quase só na escala concelhia - nos PDM - que se foram transformando num exercício desgastante, mais jurídico que estratégico e demasiado dependente de entidades do Estado Central, distantes e sem recursos. Quase não há planos intermunicipais de ordenamento do território. Cada um por si!

Por outro lado, em resultado dum contexto mais propício às empresas que ao Estado, há cada vez mais estudos, programas, projetos e outros instrumentos de base territorial; no essencial, de escala municipal. Por isso, muitas vezes, pouco eficientes.

Veja-se o estudo para a “estratégia de descompressão do turismo” apresentado pela Câmara do Porto no passado dia 15. Não deveria ter sido feito em conjunto com Matosinhos, Maia, Valongo, Gondomar e Gaia; porventura até à escala metropolitana? Não devia prever áreas destes concelhos para a expansão do uso turístico, favorecendo a articulação urbano-rural com as Serras do Porto, percursos ribeirinhos e o património cultural menos conhecido? Restrito ao Porto, o estudo, de descompressão, nada propõe para diminuir a pressão da procura no centro da grande cidade (as áreas antigas e a Baixa do Porto). Sem articulação com a habitação, tampouco antecipa o que quer que seja sobre como evitar que, com o fomento do turismo em “quarteirões turísticos” como em Campanhã ou Lordelo, aí as casas passem a ser inacessíveis para os atuais e futuros residentes. Afinal, em nome da descompressão, parece que se pretende apenas que todo o Concelho do Porto seja ainda mais turístico, quando a relação entre turistas e residentes já é superior a Praga, Lisboa, Barcelona e Roma!

QOSHE - Descompressão do turismo - Rio Fernandes
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Descompressão do turismo

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20.03.2024

No ano passado, o “Plano para a Região do Porto”, de Johnson-Marshal e Costa Lobo, fez 50 anos.

Infelizmente, de então para cá, em matéria de ordenamento, apostou-se quase só na escala concelhia - nos PDM - que se foram transformando num exercício desgastante, mais jurídico que estratégico e demasiado dependente de entidades do Estado Central, distantes e sem recursos. Quase não há planos intermunicipais de ordenamento do território.........

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