A meu ver, o mais notável que faz é em matéria de transporte rodoviário, cuja maior expressão é o sistema Unir. Um desastre, por sinal, que inclui enganos nos percursos, enormes atrasos e sinalização incompreensível.
Por trás do Unir e da recusa de vários municípios a pagar obras no Coliseu do Porto, há um problema maior: falta de visão, planeamento e gestão. A esse propósito, notem-se alguns factos: o município central (onde se situa o Coliseu) não se faz representar nas reuniões da AMP pelo seu presidente; existe uma associação informal de apenas três municípios (Porto, Matosinhos e Gaia), sendo um deles o do presidente da AMP, e há encontros diretos de autarcas com governantes para tratar assuntos relevantes para o espaço metropolitano.
Além disso, a AMP não cumpre as obrigações que a lei prevê, como: “promover o planeamento e a gestão da estratégia de desenvolvimento económico, social e ambiental do território abrangido” e “articular os investimentos municipais de caráter metropolitano”. Tampouco faz o que deve para “assegurar a articulação das atuações entre os municípios e os serviços da administração central”, em especial quanto a “redes de abastecimento público, infraestruturas de saneamento básico, tratamento de águas residuais e resíduos urbanos; rede de equipamentos de saúde; rede educativa e de formação profissional; ordenamento do território, conservação da natureza e recursos naturais; redes de equipamentos públicos; promoção do desenvolvimento económico e social; rede de equipamentos culturais, desportivos e de lazer”.
O centralismo não é o único culpado por não vivermos melhor na AMP!
* Geógrafo e professor da Universidade do Porto