Parece que o novo aeroporto da região de Lisboa será em Alcochete. A menos que a ANA e Arnaud sejam mais poderosos que o Estado. Antecipa-se, pois, o surgimento de uma “cidade aeroportuária”, com ligação ferroviária a Madrid, pela qual chegaremos de comboio a Lisboa desde o Norte, após passar por (mais) uma (muito cara) travessia do Tejo.

Parece chegar ao fim a possibilidade de um país de dois grandes polos, até porque o pré-anúncio do aeroporto acontece quando o “Jornal de Notícias” é ameaçado, depois de anos e anos a compensar o prejuízo de órgãos de comunicação lisboetas da empresa a que pertence, como o DN. E depois da concentração de voos da TAP na capital. Tudo isto, num país centralizado que favorece Lisboa, onde, desde o tempo em que Marcelo Rebelo de Sousa era líder do PSD, a Constituição tem um dispositivo que só permite a regionalização após referendo em que a maioria dos portugueses participe e a maioria destes, em cada futura região, se pronuncie a favor. Ou seja, nunca!

O que resta ao Porto e ao Norte? Ser exportador e industrial, quando, no Mundo, as áreas industriais não são as que garantem mais riqueza e bem-estar? Reforçar a centralidade? Mas, como, se a TAP aposta em Lisboa, temos um porto pequeno, uma ligação ferroviária rápida à Galiza sempre adiada e a proposta de ligação por Miranda sem compreensão nem suporte? O Porto parece condenado a ser um mero lugar de passagem no litoral oeste, cidade de segunda, longínqua, interessante apenas para uma visita turística num Norte periférico.

Para não ser assim, falta uma visão de futuro. Bem como líderes não rendidos ao centralismo, a interesses corporativos ou meramente locais, que acarinhem as instituições regionais, sobretudo as que dão voz aos nossos interesses, como o JN e o Porto Canal.

QOSHE - Alcochete - Rio Fernandes
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Alcochete

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13.12.2023

Parece que o novo aeroporto da região de Lisboa será em Alcochete. A menos que a ANA e Arnaud sejam mais poderosos que o Estado. Antecipa-se, pois, o surgimento de uma “cidade aeroportuária”, com ligação ferroviária a Madrid, pela qual chegaremos de comboio a Lisboa desde o Norte, após passar por (mais) uma (muito cara) travessia do Tejo.

Parece chegar ao fim a possibilidade de um país de dois grandes polos, até porque o pré-anúncio do........

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