1. Dizia um dos intervenientes no Fórum TSF na manhã desta quarta-feira que o melhor que podia acontecer aos portugueses era terem eleições legislativas todos os anos. Mesmo reconhecendo que houve uma dose considerável de ironia na afirmação, é um facto que o período pré-eleitoral (e este será muito longo) costuma ser pródigo em boas notícias e promessas avulsas. Por outro lado, aprecie-se ou não a política germânica de contas certas e os excedentes orçamentais que o ministro das Finanças anunciou para este e para o próximo ano, é certo que isso garante um “saco azul” capaz de pagar, pelo menos, algumas das promessas que hão de fazer de Portugal, durante os próximos três meses, uma terra do leite e do mel.

2. Não há dúvida que o mais ousado até agora, em matéria de promessas eleitorais, foi o líder do PSD. À recuperação do tempo de serviço congelado aos professores, que já estava na agenda, juntou mais duas: uma nova descida do IRS, desta vez até ao oitavo escalão (embora sem quantificar nem situar no tempo), ou a garantia, a quem não tenha outros rendimentos para além da pensão, de um mínimo de sobrevivência de 820 euros, até 2028. Agora é só esperar que o PS escolha o líder e candidato a primeiro-ministro e deixar que comece o leilão. Com a certeza de que, apesar do mérito da proposta socialista de dar pequeno-almoço gratuito nas escolas às crianças desfavorecidas, não haverá, para os contribuintes, almoços grátis. O leite e o mel são escassos.

3. Adivinha-se que será Pedro Nuno Santos o encarregado de apresentar o cardápio socialista. Nem tanto pelo que dizem as sondagens (ver página 10), mais pelo facto de ter o aparelho do seu lado e, portanto, um maior controlo sobre o voto dos militantes. Aliás, nem Luís Montenegro, nem outros dirigentes do PSD perdem tempo com José Luís Carneiro, as baterias apontaram ao “impreparado e impulsivo radical”, tanto no congresso do fim de semana passada, como no debate sobre o Orçamento desta quarta-feira no Parlamento. E Pedro Nuno até aplaudiu a proposta para “descongelar” os professores (mesmo que a disciplina partidária o tenha obrigado a votar contra). Não tardarão propostas para os pensionistas, essa fatia essencial do eleitorado (para quem não sabe, são os que menos se abstêm em eleições).

QOSHE - Uma terra de leite e mel - Rafael Barbosa
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Uma terra de leite e mel

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30.11.2023

1. Dizia um dos intervenientes no Fórum TSF na manhã desta quarta-feira que o melhor que podia acontecer aos portugueses era terem eleições legislativas todos os anos. Mesmo reconhecendo que houve uma dose considerável de ironia na afirmação, é um facto que o período pré-eleitoral (e este será muito longo) costuma ser pródigo em boas notícias e promessas avulsas. Por outro lado, aprecie-se ou não a política germânica de contas certas e os excedentes orçamentais que o ministro das Finanças anunciou para este e para o próximo ano, é certo que isso garante um “saco........

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