1. A quatro dias das eleições, e observando os resultados de três agregadores de sondagens (Renascença, Politico e Europe Elects), percebe-se que o principal candidato a liderar o próximo Governo é Luís Montenegro (AD), que segue com quatro a cinco pontos de vantagem sobre Pedro Nuno Santos (PS). Uma vantagem escassa e ainda dentro da margem de erro dos vários inquéritos usados pelos diferentes especialistas. O suficiente, portanto, para manter o suspense até à noite eleitoral.

2. Mas o que farão cada um dos principais partidos com uma vitória? Com o “não é não” de Luís Montenegro ao Chega, sobra-lhe a Iniciativa Liberal como parceiro. Insuficiente nesta altura para uma maioria parlamentar e, provavelmente, para ter mais votos (ou deputados) do que os quatro partidos à Esquerda. No caso de Pedro Nuno Santos, mesmo que ainda chegue à meta em primeiro, não é provável que uma nova geringonça seja suficiente: o bloco de partidos à Direta tem, nos mesmos agregadores, uma vantagem de cerca de 15 pontos sobre a Esquerda.

3. O cenário tem-se mantido relativamente estável, mas o discurso de apelo ao chamado voto útil - seja quando Montenegro se dirige diretamente aos potenciais eleitores do Chega, seja quando os socialistas apontam aos indecisos - vai acentuar-se. E terá sempre algum efeito. O chamado Bloco Central, mesmo num tempo de maior fragmentação política, continua a mostrar alguma força centrípeta. A soma de PSD e PS é quase sempre maior nas urnas do que nas sondagens.

4. Mesmo sabendo-se que há muitos votos nos partidos mais pequenos que não servirão para eleger deputados (nas legislativas de 2022, em 11 dos 20 círculos eleitorais o bipartidarismo impôs a sua lei), na verdade não existem votos inúteis. O peso político de um partido não se mede apenas pelo seu número de deputados. E a democracia eleitoral não se pode esgotar na mera aritmética parlamentar.

QOSHE - Não há votos inúteis - Rafael Barbosa
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Não há votos inúteis

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07.03.2024

1. A quatro dias das eleições, e observando os resultados de três agregadores de sondagens (Renascença, Politico e Europe Elects), percebe-se que o principal candidato a liderar o próximo Governo é Luís Montenegro (AD), que segue com quatro a cinco pontos de vantagem sobre Pedro Nuno Santos (PS). Uma vantagem escassa e ainda dentro da margem de erro dos vários inquéritos usados pelos diferentes especialistas. O suficiente, portanto, para manter o suspense até à noite........

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