1 - Faltam pouco mais de duas semanas para as eleições legislativas e, como nos ensina o passado recente, isso é tempo suficiente para uma qualquer reviravolta. Para os menos atentos, basta recordar que nenhuma sondagem previa uma maioria absoluta do PS e de António Costa em janeiro de 2022, mas foi mesmo esse o resultado nas urnas. Acresce que a análise à situação política, tal como as sondagens, tem sempre o passado por referência. Resumindo, quando se aproximam eleições o melhor que se pode fazer é analisar cenários e tendências. E esperar que a decisão soberana do eleitor o confirme ou desminta.

2 - Uma das tendências firmes que percorrem todas as sondagens que têm sido feitas no último mês diz respeito à improbabilidade de se repetir o cenário de maioria absoluta. Sendo que a esses dados quantitativos há que juntar um elemento qualitativo: ao contrário do atual primeiro-ministro, Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro são ainda personagens políticas em construção que foram como que atropelados pelos acontecimentos. Apesar da experiência e visibilidade (um no Governo, outro como líder parlamentar), o seu ponto de partida fica muito longe do de António Costa.

3 - É seguro dizer, por outro lado, que um deles será o primeiro-ministro de Portugal. E a questão que sobra é, então, como e com quem vão governar. E se há dúvidas que pareciam arrumadas, confirmou-se entretanto que, na política como no futebol, o que hoje é verdade amanhã é mentira (a máxima popularizada por Pimenta Machado, o falecido presidente do Vitória de Guimarães). Pedro Nuno Santos, que se comprometeu, em pleno frente a frente televisivo, e para surpresa geral, que em caso de vitória da AD não seria o PS a derrubar um Governo à Direita, afinal quer reciprocidade, caso contrário nada feito. Fica-se com a sensação de que, mais do que uma convicção, foi um truque. O que não absolve Luís Montenegro. O líder social-democrata vai fazendo de conta que não é nada com ele, mas com isso deixa que se instale de novo a dúvida relativamente a André Ventura e ao Chega: não é não ou é nim?

QOSHE - Hoje é verdade, amanhã é mentira? - Rafael Barbosa
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Hoje é verdade, amanhã é mentira?

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22.02.2024

1 - Faltam pouco mais de duas semanas para as eleições legislativas e, como nos ensina o passado recente, isso é tempo suficiente para uma qualquer reviravolta. Para os menos atentos, basta recordar que nenhuma sondagem previa uma maioria absoluta do PS e de António Costa em janeiro de 2022, mas foi mesmo esse o resultado nas urnas. Acresce que a análise à situação política, tal como as sondagens, tem sempre o passado por referência. Resumindo, quando se aproximam eleições o melhor que se pode fazer é analisar........

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