Antigamente soltava-se uma galinha preta no relvado para afastar o azar que se abatia sobre uma equipa. Felizmente já não acreditamos nessas coisas, mas o Braga bem precisa de alguma sorte para sair deste ciclo. Diante do Real Madrid, com casa cheia e um grande ambiente de festa e desportivismo, ficou claro que merecíamos mais.
Apesar do revés desportivo, o jogo foi uma bela montra do clube, da cidade e do país. Na comunicação social internacional, destacou-se a singularidade arquitetónica do estádio e a peculariedade do sucesso do clube. Falou-se de uma cidade jovem e dinâmica, falou-se de um destino de negócios e turismo, falou-se de um clube que acrescenta valor à cidade, à região e ao país.
Em Portugal, a conversa é outra. Periodicamente assistimos a notícias sobre os custos do estádio que a Câmara Municipal decidiu construir para o Euro 2004. À excepção de Benfica, Porto, Sporting e Boavista, todos os estádios foram construídos pelos municípios e colocados à disposição dos respectivos clubes. O Braga não teve qualquer voto nas opções - no mínimo discutíveis - que a Câmara fez. Mas hoje o Braga é o grande responsável pela conservação e capitalização do estádio - que não escolheu - com retorno para a cidade, a região e o país. Basta olhar para o Primeiro de Maio para saber como estaria degradado o Municipal sem o investimento diário do clube.
É inequívoco que o Braga valoriza o estádio. É muito doloroso que o clube seja permanentemente utilizado no jogo político-partidário, atacado por opções que não tomou e responsabilizado por decisões que não foram suas.
*Adepto do Braga