A receita é a mesma. Mudam os ingredientes, neste caso os protagonistas, mas o objetivo é simples. Usar e abusar das potencialidades das redes sociais para convencer, garantir, ganhar votos. Recorrer às capacidades destes meios para chegar aos eleitores menos convencionais, como os millennials e os da geração Z e, depois, deixar que os algoritmos façam o trabalho sujo.
Há longos anos que as campanhas não se ficam pelas já gastas arruadas, jantares-comício, périplos pelo país e entrevistas fofinhas nas televisões. As redes sociais tornaram-se uma ferramenta poderosa para a conquista do eleitorado, até porque grande parte dele não consome informação noutros meios. Tal como dizia o importante teórico da comunicação Marshall McLuhan, o meio é a mensagem. É assim que influencers, youtubers e outros criadores de conteúdo entram nas contas dos votos. Não são apenas a mensagem. São o meio. Difundem a palavra, publicam os vídeos e depois o tal algoritmo faz o resto.
Recomenda e volta a recomendar. De nicho em nicho, até se transformar num gigante.
Em maio, um destes influenciadores esteve na Assembleia da República a convite da Iniciativa Liberal. A ideia de aproximar a política ao ambiente digital foi boa, mas correu mal. “Costa, vai para o c...", disse o youtuber no púlpito do Parlamento, a propósito das medidas do Governo para o alojamento local. A IL pediu desculpa. O vídeo, claro, viralizou.
Este mesmo youtuber é agora procurado pelos do costume. A pedido de André Ventura, Tiago Paiva veste a pele de jornalista e faz “entrevistas”. Esta, ao líder do Chega, teve mais de 340 mil visualizações em sete dias. E é nela que André Ventura diz que “as redes sociais e as plataformas digitais são o drama dos partidos tradicionais”. Tem razão. São um drama, como foram os ataques ao Capitólio e aos símbolos do poder em Brasília. Popular q.b.