De acordo com o que foi anunciado nos últimos dias pelo Health Cluster Portugal, os números das exportações em saúde no ano de 2023 ultrapassaram, pela primeira vez, a barreira dos três mil milhões, alcançando, mais precisamente, os 3341 milhões de euros.

É um valor assinalável, que tem vindo de forma consolidada a crescer a taxas elevadas ao longo da última década - neste período mais do que triplicou -, resultado do trabalho coletivo que, de forma consistente, tem vindo a ser feito ao nível da internacionalização deste setor, afirmando-o como importante motor do desenvolvimento económico e social.

Segundo estes dados da AICEP, que têm como fonte o Instituto Nacional de Estatística, em 2023 verificou-se um expressivo crescimento de 35,8% face ao ano anterior que, por sua vez, em comparação com 2021, já tinha tido uma dinâmica com a mesma ordem de grandeza.

Estou em crer que a esmagadora maioria dos nossos concidadãos não terá presente este outro papel da saúde, o que não deixa de ser natural, uma vez que o principal está tão presente nas nossas vidas que o ofusca.

Com efeito, e usando como comparação outras realidades a que todos associam de imediato a sua vocação exportadora, e sem qualquer abordagem competitiva, a saúde exporta mais do que a cortiça, o vinho ou o calçado.

Compreendem estes números bens associados à saúde produzidos no nosso país como equipamentos, dispositivos médicos e medicamentos, tendo estes últimos um peso superior a 80% de todo este comércio com o exterior. De notar que, por dificuldades associadas ao seu apuramento estatístico, não estão aqui incluídos os valores relativos a exportação de serviços, de soluções de e-health ou de componentes, designadamente em plástico, para incorporação em dispositivos médicos.

Em termos de mercados de destino, podemos dizer que é para o Mundo inteiro que estes produtos estão a ser enviados, com mais de 180 países a integrar essa lista, sendo, no entanto, de realçar que os cinco primeiros - referências inquestionáveis em termos de dimensão e, sobretudo, de nível de exigência -, os Estados Unidos da América, a Alemanha, a Espanha, a França e a Bélgica, representam mais de 60% do total.

Trata-se de um resultado fantástico que espelha a dinâmica e a pujança de todo um cluster que vai da ciência à prestação de cuidados, passando pela dimensão empresarial que tem vindo a aprender a dar corpo ao ciclo virtuoso da inovação. E assim, uma nota muito positiva é mais do que merecida para as empresas - as nacionais e as internacionais que escolheram cá instalar unidades de produção e transformação - e para seus recursos humanos.

Mas a parte mais interessante talvez seja a de que este é só um pequeno capítulo de uma grande história em construção, num processo coletivo e participado, envolvendo todos, que ainda nos vai trazer muitas alegrias.

QOSHE - Saúde: o exportador improvável - Joaquim Cunha
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Saúde: o exportador improvável

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05.03.2024

De acordo com o que foi anunciado nos últimos dias pelo Health Cluster Portugal, os números das exportações em saúde no ano de 2023 ultrapassaram, pela primeira vez, a barreira dos três mil milhões, alcançando, mais precisamente, os 3341 milhões de euros.

É um valor assinalável, que tem vindo de forma consolidada a crescer a taxas elevadas ao longo da última década - neste período mais do que triplicou -, resultado do trabalho coletivo que, de forma consistente, tem vindo a ser feito ao nível da internacionalização deste setor, afirmando-o como importante motor do desenvolvimento económico e social.

Segundo estes dados da AICEP, que têm como fonte o Instituto Nacional de Estatística, em 2023........

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