Os resultados do último PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) que em 2022 avaliou as competências a Matemática, Ciências e Leitura de cerca de 700 mil jovens de 81 países da OCDE são um alerta global. Porque revelam um grave declínio em termos de desempenho académico mas também por evidenciarem indicadores preocupantes a nível do bem-estar dos jovens de 15 anos. E a pandemia não explica tudo.

Vamos aos números gordos do PISA. Um em cada quatro adolescentes tem “dificuldade em realizar tarefas como utilizar algoritmos básicos ou interpretar textos simples”. A Matemática, o declínio “é três vezes maior do que qualquer outra alteração consecutiva anterior” e Portugal está entre os países em que a quebra é mais acentuada: três em cada dez alunos não demonstram conhecimentos mínimos.

Dissecando os dados, conclui-se que os jovens de meios socioeconómicos mais favoráveis conseguiram, em média, resultados a Matemática cem pontos acima dos mais pobres. O que confirma que o contexto continua a ser determinante e que o fosso da desigualdade não é vencido. Ainda assim, 9,4% dos mais pobres alcançaram os níveis mais elevados de proficiência.

Outros indicadores reveladores do bem-estar dos portugueses na escola: 10% sentem-se sozinhos e 11% postos de lado, 15% das meninas e 13% dos rapazes reportam situações de bullying. Nas aulas, um terço distrai-se com o telemóvel - um problema assumido no relatório, que refere que nos países onde os dispositivos são proibidos os alunos são menos propensos a distrações.

Passemos às explicações. Geralmente realizadas de três em três anos, as provas do PISA de 2022 (adiadas um ano) ainda refletem o impacto dos confinamentos, mas os investigadores alertam que a descida dos resultados “só pode ser parcialmente atribuída à pandemia”, já que os resultados em Leitura e Ciências já antes estavam em declínio. Por outro lado, em 31 países, os alunos mantiveram ou até melhoraram a performance a Matemática. E o que distingue esses países? Além de terem passado por períodos de confinamento mais curtos, têm sistemas de aprendizagem à distância e apoios para professores e famílias mais eficazes.

Mas há outros fatores críticos para o sucesso. O nível de apoio dos pais é decisivo e “atividades aparentemente inocentes, como partilhar uma refeição em família ou simplesmente conversar”, podem fazer a diferença no desempenho e bem-estar dos alunos.

QOSHE - A Matemática e os jantares em família - Helena Norte
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A Matemática e os jantares em família

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06.12.2023

Os resultados do último PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) que em 2022 avaliou as competências a Matemática, Ciências e Leitura de cerca de 700 mil jovens de 81 países da OCDE são um alerta global. Porque revelam um grave declínio em termos de desempenho académico mas também por evidenciarem indicadores preocupantes a nível do bem-estar dos jovens de 15 anos. E a pandemia não explica tudo.

Vamos aos números gordos do PISA. Um em cada quatro adolescentes tem “dificuldade em realizar tarefas como utilizar algoritmos básicos ou interpretar textos simples”. A Matemática, o declínio........

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