Os grandes treinadores, as grandes estruturas, distinguem-se por antecipar cenários, limitações e problemas. José Mourinho, o “verdadeiro”, o Special One, era diferenciado precisamente por isso. Antecipava o que ia acontecer, preparava as substituições para vários cenários e praticamente já sabia o que ia acontecer. Absurdo, assustador, e, efetivamente, especial. Por estes dias, não vejo assim tanto arrojo ou coisas diferentes. A histeria à volta de Guardiola, Arteta e agora Xabi Alonso aborrece-me. A receita é sempre a mesma: bola de saída, passe curto, jogar a um/dois toques, e proibição absoluta de jogar na profundidade. Sabe a plástico. Por isso, uns dedicam-se a jogar, outros a ganhar, como disse, e bem, há dias, Sérgio Conceição. Com recursos bem mais exíguos, e reforços descobertos no Rio Ave, Famalicão e Paços de Ferreira, com tremendo respeito pelas equipas que estou a citar, o F. C. Porto enganou o todo poderoso Arsenal e estou muito curioso para ver o plano que Conceição vai apresentar no Emirates, no jogo da segunda mão. Sérgio não é perfeito, mas estuda o jogo, faz o trabalho de casa e, como se diz na gíria, transforma vassouras em jogadores. Outro excelente treinador é Ruben Amorim, e nem vou analisar a forte capacidade comunicacional, que desarma qualquer pergunta mais incómoda. Ainda agora no dérbi da Taça, o Sporting deu um banho de bola à equipa de Roger Schmidt, que demorou mais de uma hora a perceber que dava jeito jogar com um avançado para condicionar as saídas do Sporting. Não sou treinador, não pretendo ser, até porque os cursos estão muito chatos e iguais, mas é fácil perceber quando um técnico tem um plano A, B, C e D. E essa é a diferença.

Este contexto alarga-se aos escalões de formação, onde a moda de jogar à Guardiola tomou conta dos treinadores e faz com que muitos jovens talentos pareçam uma cópia. É este o preço a pagar pelo vírus Guardiola?

QOSHE - Plano A, B e C para mudar cursos chatos - Arnaldo Martins
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Plano A, B e C para mudar cursos chatos

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02.03.2024

Os grandes treinadores, as grandes estruturas, distinguem-se por antecipar cenários, limitações e problemas. José Mourinho, o “verdadeiro”, o Special One, era diferenciado precisamente por isso. Antecipava o que ia acontecer, preparava as substituições para vários cenários e praticamente já sabia o que ia acontecer. Absurdo, assustador, e, efetivamente, especial. Por estes dias, não vejo assim tanto arrojo ou coisas diferentes. A histeria à volta de Guardiola, Arteta e........

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