À desconfiança inicial, legítima e da qual admito que fazia parte, Roberto Martínez responde com vitórias e... bom futebol. São 11 jogos, 11 vitórias, é verdade numa fase de qualificação bastante acessível, mas quantas Portugal já teve e sentiu problemas para seguir em frente, tendo até mesmo de recorrer à via do play-off? Para já, Martínez tem o mérito de não inventar e isso é tudo que um jogador gosta de sentir. Lembro-me bem do meu ídolo de infância, Romário, dizer várias vezes que o melhor treinador era aquele que não complicava. Concordo em absoluto. Um treinador deve, sobretudo, saber gerir recursos e emoções e estar ao lado do jogador nas frustrações e tirar o melhor de cada um: o sumo completo da laranja. Martínez está, neste momento, em estado de graça, os espanhóis falam numa seleção de luxo da seleção nacional, mas nos últimos anos já ouvi a mesma cantiga e a verdade é que, no Mundial do Catar, fomos eliminados por Marrocos. Numa fase final de um Europeu, basta uma derrota para acabar com tudo e é esse o desafio que se coloca ao selecionador das quinas, que tem, de facto, uma máquina de bom futebol nas mãos.

Parece-me que o jogador português está agora mais comprometido com a seleção, sinto isso nos discursos, por exemplo, de Bruno Fernandes, Bernardo Silva e companhia. Gosto de jogadores que falam desassombradamente, que soltam a opinião sem amarras, é uma delícia ouvir Bruno Fernandes a falar sobre Francisco Conceição e a chegada do filho de Sérgio Conceição à seleção. Noutro contexto, também gostei de ouvir a opinião de Kokçu sobre o que sente no Benfica e as ideias de Roger Schmidt, mas claramente também sou obrigado a dizer que se tratou de um tiro no pé, tendo em conta que ainda mostrou pouco para quem obrigou o clube da Luz a investir quase 30 milhões na contratação. Cheira-me que o futuro do turco vai passar por outros lados.

*Editor-adjunto

QOSHE - O estado de graça e o compromisso - Arnaldo Martins
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O estado de graça e o compromisso

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23.03.2024

À desconfiança inicial, legítima e da qual admito que fazia parte, Roberto Martínez responde com vitórias e... bom futebol. São 11 jogos, 11 vitórias, é verdade numa fase de qualificação bastante acessível, mas quantas Portugal já teve e sentiu problemas para seguir em frente, tendo até mesmo de recorrer à via do play-off? Para já, Martínez tem o mérito de não inventar e isso é tudo que um jogador gosta de sentir. Lembro-me bem do meu ídolo de infância, Romário, dizer........

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