Pela aragem que vai na carruagem, a campanha eleitoral em curso ameaça chegar a 10 de março sem que, outra vez, se discuta e esclareça aquilo que realmente determinará o rumo do país: a afirmação de estratégias claras e concretas que nos permitam imaginar e construir um futuro mais auspicioso, melhor para todos.

Sabe-se que uma sociedade próspera e moderna deve ancorar o seu progresso no conhecimento, na inovação permanente e no desenvolvimento tecnológico, gerando produtos e serviços de elevado valor acrescentado, capazes de produzir riqueza, de a distribuir equitativamente e de, assim, promover o bem-estar social de toda a comunidade.

Em vésperas de um ato eleitoral tão decisivo para o país, não basta, porém, que os partidos inscrevam nos respetivos programas eleitorais um punhado de chavões e de vagas boas intenções em torno da importância do conhecimento e da inovação. É imperativo que tracem um caminho claro para o país e que apresentem propostas objetivas passíveis de concretizar uma estratégia que nos alinhe com as economias mais desenvolvidas do Mundo - o que só será possível com um programa robusto de investimento em educação e investigação capaz de atrair para a Ciência os nossos melhores recursos humanos, independentemente da classe social a que pertençam (ou, já agora, da sua filiação partidária). E é necessário, depois, que as medidas previstas sejam concretizadas, o que tão-pouco sucedeu nos anos mais recentes, os quais corresponderam ao maior ciclo de desinvestimento na formação de que há memória em Portugal, com o esforço financeiro por estudante a ficar bastante abaixo do necessário e da média europeia.

Atrevo-me, por isso, a expressar um desejo: que as três semanas e meia que nos separam das eleições sirvam sobretudo para debater o caminho que queremos percorrer enquanto comunidade que tem de aspirar a ser civilizada, próspera e desenvolvida. Já basta de perder tempo com ninharias, manipulações, oportunismos, truques retóricos estéreis, berrarias degradantes, interesses corporativos e incidentes episódicos que não conduzirão a lugar algum.

QOSHE - O caminho que queremos - António De Sousa Pereira
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O caminho que queremos

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14.02.2024

Pela aragem que vai na carruagem, a campanha eleitoral em curso ameaça chegar a 10 de março sem que, outra vez, se discuta e esclareça aquilo que realmente determinará o rumo do país: a afirmação de estratégias claras e concretas que nos permitam imaginar e construir um futuro mais auspicioso, melhor para todos.

Sabe-se que uma sociedade próspera e moderna deve ancorar o seu progresso no conhecimento, na inovação permanente e no desenvolvimento tecnológico, gerando produtos e serviços de elevado valor acrescentado,........

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