A Universidade do Porto e o Politécnico do Porto assinaram um protocolo que prevê que elementos da GNR e PSP em serviço possam fazer refeições nas suas cantinas.

Podia aprofundar o impacto na sustentabilidade financeira dos Serviços de Ação Social ou na capacidade de resposta à comunidade académica. Mas o tema merece outra reflexão.

É preciso recuar mais de 50 anos, até à crise académica, para encontrar a presença de forças policiais na Universidade. A sua intervenção oprimia os estudantes, que confrontavam, com bravura, a ditadura salazarista.

Hoje, a presença de agentes de segurança é justificada pela aproximação à população. Ora, para travar a insegurança nos polos estudantis parece-me ser mais importante o reforço de policiamento fora de horas, após as aulas, de luminosidade nas ruas e, até, o recurso à videovigilância. Na Academia do Porto temos um contacto próximo com a PSP. Conjuntamente, fazemos o levantamento de pontos críticos nas zonas frequentadas pelos estudantes. Não consigo compreender a mais-valia da presença de agentes nas cantinas e tenho receio do efeito perverso.

Registaram-se, nos últimos dias, em faculdades do País, protestos estudantis que são interrompidos ao serem chamadas forças de segurança. Se neste espaço já referi que não será com destruição de património cultural, atos de vandalismo ou agressões a agentes políticos que resolveremos a crise climática, também expresso que me preocupa que se ponha em causa a herança conquistada pelos estudantes na defesa da liberdade de expressão. As instituições de Ensino Superior devem afirmar-se, sempre, como espaço de democracia, assente na liberdade de pensamento e na pluralidade de exercícios críticos.

QOSHE - Não confundam as coisas - Ana Gabriela Cabilhas
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Não confundam as coisas

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17.11.2023

A Universidade do Porto e o Politécnico do Porto assinaram um protocolo que prevê que elementos da GNR e PSP em serviço possam fazer refeições nas suas cantinas.

Podia aprofundar o impacto na sustentabilidade financeira dos Serviços de Ação Social ou na capacidade de resposta à comunidade académica. Mas o tema merece outra reflexão.

É preciso recuar mais de 50 anos, até à crise académica, para encontrar a........

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