Não raras vezes, a arrogância e a perseverança caminham erradamente lado a lado. Muitos, bem mais do que pensam os que acenam orgulhosamente a imaturidade da arrogância, falham redondamente na perceção sobre as diferenças entre lutar pelas suas convicções e recusar-se a admitir a falibilidade dos seus atos.

Mesmo assim, procuramos sempre encontrar justificação para as ‘manias’ de cada um. Perdemos, aliás, demasiado tempo a tentar descobrir razões quando nada há para perceber. Porque todos têm a(s) sua(s). E, na dose certa, até é traço de personalidade. Se bem que ser irritante não seja caraterística de enaltecer, convenhamos.

Por exemplo. Que objetivo tem quem chega a um bar e pede um café em chávena escaldada e com leite frio. Escaldar e arrefecer depois? Para desinfetar a chávena? Dar trabalho ao funcionário? Ou só porque sim? Mas é preciso respeitar, principalmente quando nos custa...

Que o digam social-democratas e socialistas que, por estes dias, não conseguem disfarçar a ‘nervoseira’ por não saberem ainda quem vai a votos nas Legislativas.

Albuquerque já definiu novidades para o dia 13. Mas já há quem se posicione em várias plataformas... para ajudar ou para se ajudar. Cafôfo também não tem mãos a medir. Depois de Carlos Pereira o ter apelidado de ‘escangalho-mor’ do PS-M, continua a manter em segredo as suas intenções. Mormente, aqui e ali, por este ou por aquele, se vá percebendo o que vai chegar.

Nervosos estão igualmente aqueles que julgam que o Lidl teria de estar já a operar na Madeira. Desse por onde desse. Mesmo que queiram mandar em casa alheia, manifestando a arrogância de quem entende que se não for como quer, então nada feito. Até porque aqueles que hoje reclamam a presença do Lidl, seriam os mesmos que contestariam as dificuldades que iriam ser criadas, nomeadamente ao nível da circulação rodoviária, no Largo Severiano Ferraz.

A reclamação, aliás, é hoje uma arte. Dominada por muitos, vilipendiada por tantos outros, que são apanhados em flagrante delito... de opinião.

Ainda esta semana, por exemplo, o Jornal noticiava que a comunidade terapêutica reclamava a utilização do antigo Centro Educativo da Madeira, no Santo da Serra. Dissemos que já estava a ser negociado entre a República e a Madeira. Uma não notícia, segundo o PS-M, que garantia que a situação já estava resolvida. Não disseram quando, nem como. Não sabiam definir datas para a transferência do imóvel. Quiseram apenas dizer que estava resolvido, apesar de o espaço continuar fechado e abandonado. Mas, pronto. Há que respeitar quem tem a mania de gritar soluções antes do tempo.

O futuro, aliás, tem de ser construído com alicerces repletos de paciência. Mesmo para quem, vendo mais à frente, se esquece de quem os ajudou imenso lá atrás. Neste âmbito, o setor empresarial, nas suas mais diversas formas, tem naturalmente certezas absolutas sobre a transformação tecnológica que será necessário imprimir de ora em diante.

Mas a promoção da inovação digital não pode eliminar outras mais-valias, como a experiência, o curriculum, a carteira de clientes ou outras competências conquistadas com o passar dos tempos.

Se é verdade que os jovens precisam de oportunidades, poderão aprender também com quem já as teve. Porque hoje em dia parece cada vez mais ténue a linha que separa a oportunidade da troca por mão de obra mais barata. Que pouco ou nada ajuda quem começa.

QOSHE - Café em chávena escaldada e com leite frio - Edmar Fernandes
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Café em chávena escaldada e com leite frio

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05.12.2023

Não raras vezes, a arrogância e a perseverança caminham erradamente lado a lado. Muitos, bem mais do que pensam os que acenam orgulhosamente a imaturidade da arrogância, falham redondamente na perceção sobre as diferenças entre lutar pelas suas convicções e recusar-se a admitir a falibilidade dos seus atos.

Mesmo assim, procuramos sempre encontrar justificação para as ‘manias’ de cada um. Perdemos, aliás, demasiado tempo a tentar descobrir razões quando nada há para perceber. Porque todos têm a(s) sua(s). E, na dose certa, até é traço de personalidade. Se bem que ser irritante não seja caraterística de enaltecer, convenhamos.

Por exemplo. Que objetivo tem quem chega a um bar e pede um café em chávena escaldada e com leite frio. Escaldar e arrefecer depois? Para desinfetar a chávena? Dar trabalho ao funcionário? Ou só porque sim? Mas é........

© JM Madeira


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