Deu-nos conta a nossa imprensa, de cerca de centena e meia de «personalidades», portanto, de pessoas tidas como, socialmente, importantes, subscrevendo um manifesto onde se apela aos partidos de «esquerda» (embora não se diga os que, exatamente, o serão), que «apresentem as suas propostas e divulguem os compromissos que estão dispostos a fazer para resolver problemas que atormentam o país», elencando, entre eles, «a liberdade da comunicação social».

Ora, a propósito da preocupação manifestada, em particular, com a dita liberdade, sempre caberá perguntar quantos dos respetivos signatários, até hoje, denunciaram, por exemplo, a censura de órgãos de comunicação social como uma RT ou Sputnik, a pretexto, no âmbito do conflito vivido na Ucrânia, de serem órgãos «propagandísticos» de Putin e de todos sermos tidos como mentecaptos, incapazes de, livremente, por nós próprios, de ajuizar sobre essa pretensa propaganda, rejeitando-a, se fosse caso disso, sem necessidade de tutelas a lembrar Salazar? Ou se insurgiram contra uma imprensa onde, não raro, se assiste a propaganda em vez de informação, se perseguem desígnios que não serão, propriamente, os do interesse público ou se vende publicidade sob a capa de notícia?

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Pelo contrário, entre as «personalidades» que o subscrevem, aparece, sem qualquer pingo de vergonha na cara, uma Ana Gomes, a mesma «personalidade» que chegou a pedir a «excomunhão» dum jovem jornalista, de seu nome Bruno Amaral de Carvalho, apenas por o mesmo, enquanto colegas seus cobriam o já referido conflito na Ucrânia do lado de «cá», ter ousado observar e dar notícia do que do lado de «lá», também, se passava!

Apelos curiosos, pois, que, entretanto, não podem deixar de nos remeter para a demonização que vem sendo feita dum Chega.

Na verdade, será mais fácil clamar contra ele, do que se assumir, por parte de muitos que o fazem, omissões e condutas «democráticas» como as acima referidas e que não terão deixado, entre outras causas, de contribuir para o abrir de caminho para o florescimento do mesmo Chega!

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* Jurista

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