Após o parto, as mulheres chinesas seguem uma série de práticas tradicionais conhecidas como “zuò yuèzi” 坐月子, que traduzido à letra significa isolamento onde, tanto a mãe quanto o bebé são fortemente desaconselhados a sair de casa.
O isolamento pós-parto, conhecido popularmente como “mês sentado”, consiste no período de trinta dias pós-parto onde, com o propósito de ajudar a recente mãe no processo de recuperação, fortalecimento do corpo e bem-estar em geral, é aconselhada a descansar, evitar qualquer tipo de actividade mais exigente e a cumprir uma série de costumes milenares.
Os chineses acreditam que tudo o que se faz no período de trinta dias após o parto está directamente relacionado com a qualidade da saúde no futuro. São reforçados os cuidados com alimentação e a dieta inclui alimentos “quentes” como sopa de galinha, caldo de ossos e bastante gengibre. Alimentos “frios”, amargos e crus são desaconselhados. É bastante comum a prática do “enfaixamento”, conhecida como “bao bei” ou “yao ding”, que consiste na aplicação de uma faixa especial com mais de dez metros de comprimento e cerca de 30 centímetros de largura entrançada na cintura.
Na primeira metade do período do isolamento a higiene é feita unicamente com uma toalha mergulhada numa mistura de água quente, álcool e sal, sendo que lavar o cabelo nesses primeiros tempos é considerado um enorme acto de loucura. Após o período inicial, os cuidados com a preparação do banho têm especial relevância nas práticas tradicionais chinesas de pós-parto, sendo preparado com ervas medicinais, gengibre, plantas aromáticas e sempre com água quente. É estritamente desaconselhada a exposição ao frio, principalmente nas extremidades do corpo (cabeça, mãos e pés) e, desta forma, a mulher mune-se de roupas quentes, evitando ambientes com ar-condicionado e correntes de ar. A tradição chinesa valoriza a presença e o apoio familiar durante o período do pós-parto contudo, as únicas visitas e ajuda considerada bem-vinda são a das avós do recém-nascido que se envolvem a cem porcento nos cuidados do bebé e nas tarefas domésticas.
É importante ressaltar que tais tradições podem ter variantes dependendo da região e crenças familiares e que, as novas gerações se apresentam mais flexíveis no que diz respeito ao cumprimento das práticas do período de isolamento.
Num mundo cada vez mais globalizado, é fascinante observar como diferentes culturas abordam momentos tão significativos da vida, como o nascimento de um filho. Independentemente da cultura e crenças, a melodia da dedicação, compaixão e sacrifício unem mães ao redor do mundo, como que numa dança intemporal de amor incondicional, envolvendo o recém-nascido num manto tecido de cuidados e ternura. Nesta antítese de práticas e tradições encontramos a beleza de uma linguagem universal e que quebra fronteiras, o amor materno.