Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG) em 1997. Curioso por natureza, adora buscar histórias. Desde 2005, trabalha no Correio Braziliense, onde entrevistou laureados com o Nobel da Paz, embaixadores e ex-presidentes.

Se antes da guerra a Faixa de Gaza era uma grande prisão a céu aberto para 2,3 milhões de palestinos, depois dos ataques do Hamas ao sul de Israel, em 7 de outubro passado, o enclave palestino tornou-se sinônimo de morte. Prédios arrasados, vizinhanças varridas do mapa, hospitais sitiados e atacados pelas forças israelenses, combates ferozes travados nas ruas entre soldados e extremistas. A população, desassistida, com fome, sede, medo e desesperança. Sob os escombros de toneladas de concreto, milhares de pessoas provavelmente estão mortas, além das 11.200 vítimas da guerra travada contra o Hamas. As fotografias e os vídeos que chegam do enclave palestino, além de relatos de moradores consultados pelo Correio, escancararam possíveis crimes de guerra cometidos pelas tropas do premiê Benjamin Netanyahu. Talvez motivado pela vingança e agindo mais com o fígado do que com a razão, o político de extrema-direita ignora os direitos humanos e iguala civis a terroristas.

A declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao receber o grupo de 32 repatriados, na noite de terça-feira, ainda que polêmica, se fundamenta em fatos. O líder francês, Emmanuel Macron, havia apelado a Israel para que parasse de bombardear bebês e mulheres. Se o Estado judeu queria alvejar realmente o Hamas, que lançasse apenas incurs?es terrestres contra os extremistas. Explodir prédios civis e hospitais, sob a justificativa de que abrigam terroristas, é algo absurdo, abominável e criminoso. Se Netanyahu o faz para dar uma demonstração de força ante a falha do seu governo ao não prevenir o massacre cometido pelo Hamas, a estratégia também está fadada ao fracasso. A longo prazo, as consequências dessa guerra serão somente mais ódio, dor, atentados, ocupação e luto.

A comunidade internacional, os democratas verdadeiros, têm a obrigação moral de seguirem Lula e Macron e pressionar Israel a deter o extermínio de civis. Direito à autodefesa é uma coisa; vingança implacável e desmedida é outra. Não se faz justiça executando crianças, mulheres e idosos, destruindo lares, despedaçando famílias, impondo uma política de terra arrasada a uma população já arrasada pela miséria e pela desesperança. Ante a inação vexatória da ONU, que apenas consegue se agarrar à retórica, o mundo precisa dar um basta em Netanyahu. E a própria população israelense cobrar de seu líder pela incompetência e por não garantir a segurança dos moradores de kibbutzim atacados pelo Hamas.

O conflito no Oriente Médio, mais do que nunca, exige uma solução baseada em dois Estados independentes e soberanos. Chega de ações desarrazoadas e baseadas na força das armas e do fanatismo. Talvez toda essa tragédia sirva para abrir os olhos do planeta sobre a necessidade de os palestinos terem uma nação própria. A paz e a sanidade dos dois povos dependem disso.

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Pelo Estado palestino

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15.11.2023

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG) em 1997. Curioso por natureza, adora buscar histórias. Desde 2005, trabalha no Correio Braziliense, onde entrevistou laureados com o Nobel da Paz, embaixadores e ex-presidentes.

Se antes da guerra a Faixa de Gaza era uma grande prisão a céu aberto para 2,3 milhões de palestinos, depois dos ataques do Hamas ao sul de Israel, em 7 de outubro passado, o enclave palestino tornou-se sinônimo de morte. Prédios arrasados, vizinhanças varridas do mapa, hospitais sitiados e atacados pelas forças israelenses, combates ferozes travados nas ruas entre soldados e extremistas. A população, desassistida, com fome, sede, medo e desesperança. Sob os escombros de toneladas de concreto, milhares de pessoas provavelmente estão mortas, além das 11.200 vítimas da guerra travada contra o Hamas. As fotografias e os vídeos que chegam do........

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