Nascido em Barreiras (BA), brasiliense por afinidade, formado em jornalismo pela UnB, é repórter e colunista do Correio Braziliense há mais de 45 anos. Está à frente da coluna Sons da Noite e do blog Trilha Sonora.

Navegando na internet, no último fim de semana, me chamou a atenção um vídeo com Milton Nascimento e Maria Gadú, em passeio de barco pela Baía da Guanabara, cantando Nos bailes da vida, um clássico da música popular brasileira composto por Bituca — apelido pelo qual o cantor e compositor é chamado pelos amigos — e Fernando Brant, seu parceiro mais frequente.

A voz dele, aos 82 anos, obviamente não tem mais o vigor de tempos atrás. Mas o simples fato de o ouvir cantar ainda emociona. Não custa lembrar que, certa vez, Elis Regina afirmou: "Se Deus tivesse voz, seria a de Milton Nascimento". Em contrapartida, ele dizia que compunha pensando na interpretação das canções pela Pimentinha.

Carioca criado em Três Pontas, cidade da região sul de Minas Gerais, ao radicar-se em Belo Horizonte, Milton passou a desenvolver a carreira artística como contrabaixista, tocando em casas noturnas. O cantor foi apresentado ao Brasil pelo Festival Internacional da Canção de 1967. Embora não tivesse vencido o certame, destacou-se bastante como autor intérprete de Travessia.

Em mais de 50 anos de carreira, lançou 34 álbuns e conquistou incontáveis prêmios, como o Grammy Awards. Entre as canções que gravou, estão os clássicos Beatriz, Caçador de mim, Canção da América, Coração de estudante, Maria Maria, Nos bailes da vida, além das citadas Clube da Esquina e Travessia.

Composições de Milton foram gravadas por intérpretes nacionais e internacionais da importância de Elis Regina, Simone, Lô Borges, Mercedes Sosa, Pat Metheny, Paul Simon, Peter Gabriel, Herbie Hancock, Quincy Jones, Sarah Vaughan e Wayne Shorter.

Ao longo de sua trajetória musical, Milton fez shows em Brasília diversas vezes. A primeira foi em 1979, quando se apresentou no Ginásio Nilson Nelson. À época, ele estava lançando os LPs Minas e Gerais. Os mais recentes foram os da turnê comemorativa dos 50 anos do Clube da Esquina, em 2020, no auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães; e Última sessão de música, no Nilson Nelson, em 2022.

Tive o privilégio de acompanhar toda a caminhada de Milton Nascimento — inicialmente, como fã e a maior parte dela como repórter do Correio, ouvindo os discos quando do lançamento e, posteriormente, assistindo aos shows que apresentou. Pelo visto, ouví-lo, agora, só em situações fortuitas, como a do encontro com Maria Gadú.

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QOSHE - Artigo: Bituca, sempre - Irlam Rocha Lima
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Artigo: Bituca, sempre

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16.01.2024

Nascido em Barreiras (BA), brasiliense por afinidade, formado em jornalismo pela UnB, é repórter e colunista do Correio Braziliense há mais de 45 anos. Está à frente da coluna Sons da Noite e do blog Trilha Sonora.

Navegando na internet, no último fim de semana, me chamou a atenção um vídeo com Milton Nascimento e Maria Gadú, em passeio de barco pela Baía da Guanabara, cantando Nos bailes da vida, um clássico da música popular brasileira composto por Bituca — apelido pelo qual o cantor e compositor é chamado pelos amigos — e Fernando Brant, seu parceiro mais frequente.

A voz dele, aos 82 anos, obviamente não tem mais o vigor de tempos atrás. Mas o simples fato de o ouvir cantar ainda emociona. Não custa lembrar que, certa vez, Elis Regina........

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