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O título desse artigo é frase do Mano Brown, dita durante a apuração dos votos que decretou a derrota de Haddad e Manuela d’Avila para a extrema-direita; ele disse verdades inconvenientes, foi vaiado; pois como ele próprio disse durante as vaias que recebia: “falar bem do PT para a torcida do PT é fácil, tem uma multidão que não está aqui e precisa ser conquistada, ou a gente vai cair num precipício (...) o que mata a gente é a cegueira e o fanatismo, deixou de entender o povão já era; se nós somos o partido dos trabalhadores, partido do povo, tem que entender o que o povo quer, se não sabe volta para a base e vai procurar saber...”.

Parto dessas palavras, que para mim expressam verdades, para refletir com o leitor sobre a incapacidade, desenvolvida (se é que é possivel desenvolver-se incapacidades) pelas nossas lideranças políticas, em ouvir o que o povo quer.

Já escrevi que muitos dos nossos “líderes”, assim como na finada URSS, tornaram-se porta-vozes da burocracia, uma burocracia que nega à classe que diz representar o direito à efetiva participação no poder e na construção de uma sociedade fraterna, justa e generosa.

Acredito que foi o distanciamento dos nossos líderes “do povão”, como falou o Mano Brown, que lançou as sementes das quais ressurgiu a assanhada extrema-direita.

Em março de 1.922, no XXI Congresso do PCUS, alguns dirigentes mostraram preocupação com o excessivo fortalecimento da burocracia estatal e partidária, Shliapnikov, falando em favor da Oposição dos Trabalhadores, afirmou o seguinte: “Vladimir Ilich disse ontem que o proletariado como classe, no sentido marxista, não existe (na Rússia) Permitam-se congratular-me com vocês por serem a vanguarda de uma classe inexistente”.

E hoje todas as lideranças dos partidos de centro-esquerda e esquerda são a vanguarda de ninguém e de coisa nenhuma, falam para dentro de suas bolhas e estão sempre preocupados com as próximas eleições, muito mais do que em fazer Política, ouvir e conversar “com o povão”.

Nós da esquerda perdemos a autoridade, pois, passamos a ignorar o que o povo quer, e pouca gente está disposta a voltar para a base e procurar saber.

Nem pesquisa o nosso povo observa... A pesquisa Atlas – Avaliação de Governo, realizada em setembro desse ano, aponta que, segundo o “povão” os maiores problemas do Brasil hoje em dia são: 1º - criminalidade e tráfico de drogas, com 60,8%, e 2º - a corrupção, com 50,3%, mas, nem o governo, nem os partidos, nem os nossos deputados e senadores, tratam desse assunto, não dialogam com “o povão” sobre eles, por quê?

A ausência de diálogo sobre segurança pública, criminalidade e o tráfico de drogas abre espaço para a extrema-direita manter a retórica do “bandido bom é bandido morto” e, em certa medida, legitima as milicias. Quais são as nossas políticas públicas para combate à criminalidade e tráfico de drogas, não me refiro àquilo que a PF faz, independente desse ou daquele governo, me refiro ao diálogo ausente entre nossos militantes e “o povão”.

A pesquisa aponta, em 3º lugar, a pobreza, o desemprego a desigualdade social, com 23,6%; em 4º lugar a degradação do meio ambiente e o aquecimento global, com 22,6% e em 5º lugar a economia e a inflação, mas a distância entre os dois primeiros temas, em relação a esses outros é enorme.

Por essas e outros reitero o que tenho escrito: (a) desejo que os bajuladores sejam afastados do presidente; (b) que medidas sejam tomadas para melhora da comunicação; (c) que o congresso e o executivo encontrem um break even point nas suas relações; (d) que o governo avalie, com honestidade, se o trabalho contratado junto aos ministros está sendo feito e bem-feito, para, (e) que, em sendo necessário, ocorram mudanças; (f) que ninguém esqueça que Bolsonaro foi derrotado por uma frente, não pela esquerda; (g) que ninguém perca de vista que vencemos Bolsonaro, não o bolsonarismo; (h) que o bolsonarismo segue vivo e assanhado, dando voz e representando a extrema-direita fascista; (i) que a vox Populi precisa ouvida e respeitada, sob pena de arrumarmos a casa para a extrema-direita voltar em 2026.

Essas são as reflexões.

Pedro Benedito Maciel Neto, 59, advogado e pontepretano, sócio da www.macielneto.adv.brpedromaciel@macielneto.adv.br 1. https://static.poder360.com.br/2023/11/pesquisa-atlas-avaliacao-governo-novembro-2023.pdf

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Se não falar a lingua do povo, vai perder mesmo

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14.12.2023

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O título desse artigo é frase do Mano Brown, dita durante a apuração dos votos que decretou a derrota de Haddad e Manuela d’Avila para a extrema-direita; ele disse verdades inconvenientes, foi vaiado; pois como ele próprio disse durante as vaias que recebia: “falar bem do PT para a torcida do PT é fácil, tem uma multidão que não está aqui e precisa ser conquistada, ou a gente vai cair num precipício (...) o que mata a gente é a cegueira e o fanatismo, deixou de entender o povão já era; se nós somos o partido dos trabalhadores, partido do povo, tem que entender o que o povo quer, se não sabe volta para a base e vai procurar saber...”.

Parto dessas palavras, que para mim expressam verdades, para refletir com o leitor sobre a incapacidade, desenvolvida (se é que é possivel desenvolver-se incapacidades) pelas nossas lideranças políticas, em ouvir o que o povo quer.

Já escrevi que muitos dos nossos “líderes”, assim como na finada URSS, tornaram-se porta-vozes da burocracia, uma burocracia que nega à classe que diz representar o direito à efetiva participação no poder e na construção de uma........

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