No próximo dia 20 de abril, o Clube Atlético Juventus, time do estádio Conde Rodolfo Crespi, informalmente chamado de rua Javari, na Mooca, completa 100 anos. Fundado por operários do bairro que trabalhavam no Cotonifício Crespi, tem sua história ligada à empresa e aos imigrantes italianos. Estabeleceu uma forte identificação com a Mooca e também com os cannolis, canudos de massa folhada recheados com creme que são vendidos numa banca dentro do estádio durante as partidas.

O time perdeu protagonismo nas últimas décadas, mas nunca deixou de ser querido e simpático a todas as torcidas. Já foi uma equipe competitiva e surpreendente, que vivia pregando peças nos times grandes, ganhando o apelido de Moleque Travesso. Suas maiores conquistas no futebol foram o Campeonato Paulista de 1934, o Campeonato Brasileiro da Série B, em 1983 e a Copa Paulista de 2007.

Entre os jogadores renomados que vestiram a bela camisa grená estão Wellington Paulista, Luizão, Vampeta, Elias e Ataliba. O campo da rua Javari ficou conhecido também por ter sido palco, em 1959, do gol que Pelé considerava o seu mais bonito. Atualmente o Juventus disputa a série A-2 do Campeonato Paulista e está em nono lugar

A meta dos dirigentes do time é fazer o Juventus voltar a ser o que já foi e o objetivo principal é alcançar a série A-1 em 2025. Para isso, o presidente do clube, Tadeu Deradeli, só vê uma saída: transformá-lo numa Sociedade Anônima de Futebol (SAF), que permite aos clubes se converterem em empresas.

Desde 2021, quando o modelo foi regulamentado, clubes como Botafogo, Vasco e Cruzeiro se transformaram em SAFs. Em São Paulo, times como São José e Monte Azul seguiram o mesmo caminho.

O Juventus, que já chegou a ter mais de 100 mil frequentadores nos anos 80, tem hoje 1,2 sócios pagantes e 3 mil remidos, que não pagam mensalidade. Considerando as famílias dos sócios, cerca de 12 mil pessoas frequentam o clube atualmente.

Mas os sócios pagantes não cobrem um terço da folha de pagamentos de 210 funcionários. O clube é obrigado a fazer parcerias e locações para sobreviver. "É uma necessidade", diz Deradeli. "Tenho que locar espaço para conseguir receitas adicionais". Atualmente, a receita mensal do Juventus gira em torno de R$ 900 mil e as despesas alcançam R$ 1,1 milhão.

A folha de pagamento dos jogadores é de R$ 350 mil, uma das mais baixas do futebol paulista. Segundo Deradeli, times de porte semelhante como o São José e o Monte Azul têm folhas que se aproximam de R$ 800 mil.

No próximo dia 19 haverá uma reunião do Conselho Deliberativo para decidir sua transformação numa SAF. Caso a proposta seja aprovada, em uma nova reunião, no começo de março, serão apresentados potenciais investidores. "Já temos alguns interessados", diz Deradeli.

Segundo ele, os conselheiros precisam entender que o clube não estará sendo vendido, nem o seu patrimônio sendo entregue, mas que só o futebol será repassado para um investidor. "Hoje se você não tiver essa parceria você não aguenta a A-1", afirma. "Precisamos de alguém que nos respalde para fazer contratações e colocar iluminação no campo."

O time profissional não tem patrocínio. Quem banca a equipe principal é a área social. "É complicado isso, ficar tirando lá de cima e jogando aqui para baixo, mas estamos lutando", afirma Deradeli. "O que não adianta é chegar aqui querendo patrocinar uma camisa consagrada e dar R$ 10 mil por mês, como pretendia uma empresa de apostas."

Apesar de todos os problemas, o Juventus tem uma torcida fiel e aguerrida. Faça chuva ou sol comparece aos jogos para apoiar a equipe. Mesmo distante de qualquer sonho de título ou mesmo de vitórias marcantes, há um grupo expressivo que costuma viajar com o time.

O estádio da rua Javari tem capacidade para cinco mil torcedores e nos jogos de domingo frequentemente fica próximo da lotação. Nesses dias faltam cannolis para abastecer toda a torcida. Na véspera de completar 100 anos, o Moleque Travesso ainda provoca paixões.

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Os 100 anos do Moleque Travesso

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14.02.2024

No próximo dia 20 de abril, o Clube Atlético Juventus, time do estádio Conde Rodolfo Crespi, informalmente chamado de rua Javari, na Mooca, completa 100 anos. Fundado por operários do bairro que trabalhavam no Cotonifício Crespi, tem sua história ligada à empresa e aos imigrantes italianos. Estabeleceu uma forte identificação com a Mooca e também com os cannolis, canudos de massa folhada recheados com creme que são vendidos numa banca dentro do estádio durante as partidas.

O time perdeu protagonismo nas últimas décadas, mas nunca deixou de ser querido e simpático a todas as torcidas. Já foi uma equipe competitiva e surpreendente, que vivia pregando peças nos times grandes, ganhando o apelido de Moleque Travesso. Suas maiores conquistas no futebol foram o Campeonato Paulista de 1934, o Campeonato Brasileiro da Série B, em 1983 e a Copa Paulista de 2007.

Entre os jogadores renomados que vestiram a bela camisa grená estão Wellington Paulista, Luizão, Vampeta, Elias e Ataliba. O campo da rua Javari ficou conhecido também por ter sido palco, em 1959, do gol que Pelé considerava o seu mais bonito. Atualmente o Juventus disputa a série A-2 do Campeonato Paulista e está em nono lugar

A meta dos dirigentes do time é fazer o Juventus voltar a ser o que já foi e o objetivo principal é alcançar a série A-1 em........

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