Muitos paulistanos quando passam diante do Pátio do Colégio, na região central de São Paulo, e observam aquela construção colonial onde funcionam o Museu Anchieta e a igreja São José de Anchieta, pode pensar quer realmente trata-se de algo construído lá atrás, nos idos do século 16. Contudo a edificação que contemplamos hoje em dia é somente uma réplica, erguida em meados do século 20.

Antes, neste mesmo local, existiu o antigo palácio do governo paulista e, anteriormente a isso, a igreja e o colégio de São Paulo de Piratininga originais. Destas três construções históricas do passado, restaram apenas alguns fragmentos que estão localizados em três pontos distintos do centro da capital paulista.

O antigo palácio do governo paulista – que desde a Proclamação da República até 1930 era chamado de Presidência do Estado – não foi um projeto arquitetônico original, mas uma adaptação do colégio dos jesuítas, que foi transformado em palácio em 1886, tendo sua fachada completamente remodelada com novas portas e janelas. O velho colégio, antes desta reforma, já servia de residência aos governadores-gerais desde 1765, pouco tempo depois da expulsão dos jesuítas do Brasil ocorrida em 1759.

Como palácio mesmo funcionou poucos anos, precisamente até 1911, pois no ano seguinte passaram a usar o Palácio dos Campos Elíseos, que originalmente fora residência do cafeicultor paulista Elias Antônio Pacheco e Chaves. Após a saída do governador do local o espaço continuou de uso público, sendo que de 1932 até seu fim funcionou como Secretaria Estadual da Educação e sede da Sociedade Veteranos 32 - MMDC, que ocupava o torreão do palácio.

Quando a demolição foi iniciada, em 1953, o escritor Nicolau Duarte Silva comprou a porta de entrada do palácio e a doou para o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP), o qual ele era membro. A porta foi instalada em 1954 na entrada da então nova sede do IHGSP, um prédio de 8 andares da rua Benjamin Constant, e segue lá preservada até hoje.

Já um capitel de uma das colunas do mesmo palácio do governo também foi preservado e está nos jardins do pátio do colégio para ser vista pelos visitantes. A foto está na galeria ao final deste texto.

A igreja original do pátio do colégio tinha um relógio em sua torre, que foi instalada no decorrer do século 19 e que por muito tempo foi único relógio público da cidade de São Paulo.

Na década de 1890 a igreja estava há tempos sem qualquer tipo de manutenção, com um aspecto terrível de abandono. Durante as chuvas de março de 1896 o telhado da igreja não resistiu e desabou. Poucos dias depois o engenheiro Teodoro Sampaio foi contratado para providenciar a demolição do restante da igreja.

Dos escombros da igreja o relógio foi salvo e levado para ser instalado em outra igreja, a de São Gonçalo, localizada na praça João Mendes, onde está até os dias atuais, apesar de não estar funcionando.

Embora a construção atual do Pátio do Colégio tenha como referência arquitetônica a aparência que existia no final do século 19 e não a da época do Padre Anchieta, existe no interior do colégio, no jardim do museu, aos fundos, uma parede preservada da construção original do século 16.

Exposta continuamente junto às mesas de café, a parede sobrevivente da construção original é histórica, pois trata-se do elemento arquitetônico mais antigo da cidade de São Paulo. Ela fica protegida das intempéries por uma proteção de vidro e pode ser visitada gratuitamente, bastando adentrar ao espaço. Mas se estiver por lá vale a pena estender a visita e conhecer também o Museu Anchieta.

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Os fragmentos do Pátio do Colégio

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12.04.2024

Muitos paulistanos quando passam diante do Pátio do Colégio, na região central de São Paulo, e observam aquela construção colonial onde funcionam o Museu Anchieta e a igreja São José de Anchieta, pode pensar quer realmente trata-se de algo construído lá atrás, nos idos do século 16. Contudo a edificação que contemplamos hoje em dia é somente uma réplica, erguida em meados do século 20.

Antes, neste mesmo local, existiu o antigo palácio do governo paulista e, anteriormente a isso, a igreja e o colégio de São Paulo de Piratininga originais. Destas três construções históricas do passado, restaram apenas alguns fragmentos que estão localizados em três pontos distintos do centro da capital paulista.

O antigo palácio do governo paulista – que desde a Proclamação da República até 1930 era chamado de Presidência do Estado – não foi um projeto arquitetônico original, mas uma adaptação do colégio dos jesuítas, que foi transformado em palácio em 1886, tendo sua fachada completamente remodelada com novas portas e janelas. O velho colégio, antes desta reforma, já servia de residência aos governadores-gerais desde 1765, pouco tempo depois da expulsão dos jesuítas do Brasil ocorrida em........

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