O 18º Relatório de Crises Globais do Fórum Econômico Mundial preconiza que "choques simultâneos, riscos profundamente interligados e a erosão da resiliência estão originando o risco de uma —policrise onde crises díspares interagem de forma que o impacto global excede em muito a soma de cada parte."

A crise climática está conectada ao agravamento da fome e ao aumento de refugiados. A guerra na Ucrânia amplia o debate sobre o uso de energia fóssil, e a crise sanitária deflagrada pela pandemia de Covid-19 levou países a repensarem estruturas de distribuição de renda, moradia, acesso a saneamento básico e a própria cooperação internacional.

Os problemas interagem entre si, estão entrelaçados. É uma crise múltipla, cujas partes se retroalimentam, e avança com velocidade e escala nunca antes experimentadas.

Este cenário foi o ponto de partida para a nova edição do "Perspectivas para a Filantropia no Brasil", publicação anual do Idis (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social) que explicita movimentos importantes para o agora, que se destacam e para os quais filantropos, investidores sociais e todos aqueles que atuam neste campo devem estar atentos.

Não por acaso, a primeira perspectiva da lista, que traz oito achados, revela como a filantropia começa a responder de forma integrada, propondo-se a contribuir para mudanças estruturantes.

A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, por exemplo, é um movimento composto por mais de 350 representantes dos setores privado e financeiro, da academia e da sociedade civil que têm o objetivo de articular múltiplas causas e facilitar ações para promover o uso harmônico, inclusivo e sustentável da terra no país —e assim viabilizar a transição para a nova economia.

A seis anos do prazo para o cumprimento da Agenda 2030, proposta pela ONU, crescem os compromissos públicos. Governos assinam tratados e cartas de intenção. Empresas divulgam metas, adotam novos modelos de negócios e reorientam suas práticas de investimento social para gerar transformações positivas.

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Os detentores de grandes fortunas declaram que parte do que possuem será destinado à promoção da justiça social. Neste cenário, há o risco dos "washings", termo em inglês que significa "lavagem" e que foi adotado para denominar discursos falsos e pouco ancorados em fatos.

Ou seja, compromissos assumidos podem não passar de promessas vazias, que não se concretizam ao longo do tempo. No Brasil, são crescentes também iniciativas filantrópicas regionais, atentas às demandas dos territórios onde atuam, com uma abordagem mais sensível às particularidades locais.

O momento do país, que busca voltar a ter protagonismo na agenda ambiental, também é explorado. Mesmo organizações que atuam em temas específicos, como educação ou cultura, se veem estimuladas a olhar para sua relação com o meio ambiente e mudanças climáticas.

O relatório chama atenção ao fato de a filantropia beneficiar também a infraestrutura do terceiro setor, investindo em ações que promovem a melhoria do ambiente regulatório, apoiando a geração de dados e ações para incidência coletiva. Entre elas, a Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, que teve papel importante para a conquista da primeira legislação sobre fundos patrimoniais no Brasil.

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Outros aspectos abordados são a adoção de processos de avaliação de impacto por empresas e sua contribuição à agenda ESG, a importância da diversidade em conselhos e o uso da inteligência artificial por organizações sociais.

A recém-lançada publicação apresenta uma fotografia mais nítida do horizonte do investimento social e é um convite à reflexão e à ação. Uma contribuição dos profissionais do Idis para um futuro resiliente e sustentável em todas suas instâncias.

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Perspectivas para a filantropia no Brasil em 2024

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25.03.2024

O 18º Relatório de Crises Globais do Fórum Econômico Mundial preconiza que "choques simultâneos, riscos profundamente interligados e a erosão da resiliência estão originando o risco de uma —policrise onde crises díspares interagem de forma que o impacto global excede em muito a soma de cada parte."

A crise climática está conectada ao agravamento da fome e ao aumento de refugiados. A guerra na Ucrânia amplia o debate sobre o uso de energia fóssil, e a crise sanitária deflagrada pela pandemia de Covid-19 levou países a repensarem estruturas de distribuição de renda, moradia, acesso a saneamento básico e a própria cooperação internacional.

Os problemas interagem entre si, estão entrelaçados. É uma crise múltipla, cujas partes se retroalimentam, e avança com velocidade e escala nunca antes experimentadas.

Este cenário foi o ponto de partida para a nova edição do "Perspectivas para a Filantropia no Brasil", publicação anual do Idis (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social) que explicita movimentos importantes para o agora, que se destacam e para os quais filantropos, investidores sociais e todos aqueles que atuam neste campo devem estar atentos.

Não por acaso, a primeira perspectiva da lista, que traz oito achados, revela como a........

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