Duas empresas americanas contratadas pela Nasa para enviar cargas úteis –no popular, fazer carretos– à superfície da Lua estão em fase final de preparação para suas missões inaugurais. A primeira a ser lançada provavelmente será a da Astrobotic, que, não havendo imprevistos, deve partir entre os dias 24 e 26 de dezembro.

A empresa de Pittsburgh levará 21 cargas úteis oriundas de seis países (EUA, México, Reino Unido, Alemanha, Hungria e Japão) a bordo do seu módulo de pouso Peregrine. Ele será impulsionado ao espaço pelo mais novo lançador da United Launch Alliance, o Vulcan, em seu voo inaugural.

A segunda será promovida pela Intuitive Machines, companhia de Houston que desenvolveu o módulo de pouso Nova-C e transportará 11 cargas úteis americanas. O lançamento vai se dar com um foguete Falcon 9, da SpaceX, e a expectativa é que a partida se dê entre 12 e 16 de janeiro, se tudo correr bem.

Em ambos os casos, o principal cliente é a Nasa, que terá seis experimentos na PM-1 (missão da Astrobotic) e cinco na IM-1 (da Intuitive Machines). Mas também estão a bordo cargas de universidades, organizações e empresas. A ideia da agência espacial com seu programa comercial de transporte lunar é essa mesmo: estimular empresas a desenvolverem soluções e serviços de transporte espacial em que a Nasa seja apenas mais uma cliente.

Uma dessas duas tem uma boa chance de se tornar a primeira companhia a realizar uma alunissagem bem-sucedida, já que até hoje todas as missões que conseguiram um pouso lunar, tripulado ou não tripulado, foram organizadas por agências espaciais de países. Mas qual? A briga vai ser boa. O Peregrine fará uma viagem bem mais longa, ficando bom tempo em órbita, coisa de um mês, antes de descer à superfície da Lua, na região de Sinus Viscositatis, com alunissagem marcada para 25 de janeiro.

Já o Nova-C, apesar de partir mais tarde, realizará uma viagem direta até a Lua, pousando entre três e cinco dias depois do lançamento, em 19 ou 21 de janeiro. Detalhe: a empresa ambiciona um pouso na região do polo Sul, com latitude ainda mais alta do que o local onde desceu a missão indiana Chandrayaan-3 em agosto deste ano, tornando a Índia o quarto país a pousar na Lua e a primeiro a visitar essa região cobiçada do satélite natural.

Com os dois novos lançamentos, a era das missões lunares comerciais pode estar para começar. Mas será que vai dar certo? Pousar na Lua não é fácil, e duas outras companhias já fracassaram (por pouco, é verdade) ao tentar: a isralense SpaceIL, em 2019, e mais recentemente a japonesa ispace, em 2023. Ambas prometem tentar de novo, e outras também estão nessa fila para conduzir suas próprias missões comerciais.

A própria Nasa, principal financiadora no caso das missões americanas, reconhece que é um investimento de risco, mas julga valer a pena estimular startups espaciais a desenvolverem módulos de pouso de baixo custo, mesmo que ela perca algumas cargas úteis pelo caminho. A recompensa, em caso de sucesso, será um aumento brutal de acesso à Lua para atividades científicas e comerciais.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, na Folha Corrida.

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Carretos comerciais à Lua contratados pela Nasa voam a partir de dezembro

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26.11.2023

Duas empresas americanas contratadas pela Nasa para enviar cargas úteis –no popular, fazer carretos– à superfície da Lua estão em fase final de preparação para suas missões inaugurais. A primeira a ser lançada provavelmente será a da Astrobotic, que, não havendo imprevistos, deve partir entre os dias 24 e 26 de dezembro.

A empresa de Pittsburgh levará 21 cargas úteis oriundas de seis países (EUA, México, Reino Unido, Alemanha, Hungria e Japão) a bordo do seu módulo de pouso Peregrine. Ele será impulsionado ao espaço pelo mais novo lançador da United Launch Alliance, o Vulcan, em seu voo inaugural.

A segunda será promovida pela Intuitive Machines, companhia de Houston que desenvolveu o módulo de pouso Nova-C e transportará 11 cargas úteis americanas. O lançamento vai se dar com um foguete Falcon 9, da SpaceX, e a expectativa é que a partida se dê entre 12 e 16 de janeiro, se tudo correr bem.

Em ambos os casos, o principal cliente é a Nasa, que terá seis experimentos na PM-1 (missão da Astrobotic) e cinco na IM-1 (da Intuitive Machines). Mas também estão a bordo cargas de universidades, organizações e empresas. A ideia da........

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