Guerras, atentados terroristas e massacre desumano de povos. Atônitos, assistimos a um desfile de violência e insanidades que têm como atores principais as lideranças das maiores potências do mundo. Cada um olhando seu interesse imediato, seu cacife eleitoral, respondendo a pesquisas de opinião e incapazes de empatia e de decisões baseadas nos direitos humanos. São mais estimuladores da guerra do que agentes da paz: Putin, Biden, Netanyahu e Zelensky não deixam dúvida quanto à pobreza das lideranças globais. Nesse contexto, fica evidente que só a democratização da ONU, com o fim da política de veto pelos cinco países do Conselho de Segurança, poderá trazer esperança para que surja um novo modelo de governança global que esteja à altura dos desafios atuais. Enquanto isso, o tempo avança e a vida passa.

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Na crise climática estamos colhendo os frutos de nossas ações irresponsáveis, preocupados que estivemos em criar "brinquedos" que nos trazem conforto e suprem nossos vazios e carências, mas desconsideram seus impactos. Há alertas e propostas do IPCC da ONU sugerindo ações dos países para evitar o agravamento da mudança climática. Parece claro que somos bons na habilidade de fazer e ruins na capacidade de compreender o impacto do que fazemos. Cabe às lideranças a tomada de decisões que estabeleçam limites em função do bem coletivo. Mas aqui, também, os países ricos não cumprem acordos assumidos para o financiamento dos países em desenvolvimento. Enquanto isso, o tempo avança e a vida passa.

Do ponto de vista social, mais da metade da população do mundo é pobre, mal conseguindo suprir o básico para sobreviver. Oitocentos milhões passam fome e cem milhões vagam pelo mundo em busca de um local para se estabelecer, fugindo de conflitos e alterações do meio ambiente. Enquanto a riqueza aumenta, a pobreza só cresce. Algo está errado nessa equação: sabemos criar riquezas, mas somos incapazes de distribuí-la. Parece claro que é responsabilidade dos governos mediar e estabelecer condições de sobrevivência para toda a população, mesmo que tenha que estabelecer limites para os super-ricos. Enquanto isso, o tempo avança e a vida passa.

Nesses momentos, a descrença na capacidade da humanidade de encontrar saídas para as crises toma conta de nós. Mas há pessoas que, com suas ações e comportamento, desencorajam uma visão cética do mundo e apontam para um outro modo de liderar.

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Na ONU, António Guterres se esforça para sensibilizar as lideranças em relação ao caos socioambiental que vivemos.

No Vaticano, o papa grita pelo bom senso dos países, incrédulo na aposta pela destruição.

O próprio governo brasileiro, em sua rápida passagem pela presidência do Conselho de Segurança da ONU, tentou construir caminhos e propor acordos de paz, dialogou com os países, alinhou propostas, estimulou acordos, na busca de uma alternativa diplomática.

Em nosso país, acabamos de perder Danilo Miranda. Que deixa uma marca rara no mundo da cultura. Danilo foi capaz de valorizar a cultura mesmo em momentos difíceis no Brasil. Manteve-se firme em seu ideal de democratizar a cultura e dar espaço a todas as formas de manifestação artística.

Essas pessoas nos trazem a esperança de que ainda é possível a construção de uma sociedade que considere nossa espetacular diversidade como uma riqueza, e não um problema, e de que vale a pena a resistência para não deixar prevalecer a visão violenta e excludente de países que olham só para si no momento em que os problemas extrapolam fronteiras e pedem uma visão mais complexa e sofisticada da realidade. São lideranças do passado em um mundo que exige novos padrões de sensibilidade para que possamos promover a paz, a justiça social e preservar o meio ambiente.

É difícil a mudança, mas há muitos exemplos de pessoas que nos inspiram para as transformações necessárias.

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Pessoas que desencorajam uma visão cética do mundo

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10.11.2023

Guerras, atentados terroristas e massacre desumano de povos. Atônitos, assistimos a um desfile de violência e insanidades que têm como atores principais as lideranças das maiores potências do mundo. Cada um olhando seu interesse imediato, seu cacife eleitoral, respondendo a pesquisas de opinião e incapazes de empatia e de decisões baseadas nos direitos humanos. São mais estimuladores da guerra do que agentes da paz: Putin, Biden, Netanyahu e Zelensky não deixam dúvida quanto à pobreza das lideranças globais. Nesse contexto, fica evidente que só a democratização da ONU, com o fim da política de veto pelos cinco países do Conselho de Segurança, poderá trazer esperança para que surja um novo modelo de governança global que esteja à altura dos desafios atuais. Enquanto isso, o tempo avança e a vida passa.

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