Me recuso a perder a esperança
Neste ano que vai embora, a esperança tentou ir embora junto. Ou será que fomos nós a afugentá-la? Já começou no 8 de janeiro, quando homens atacaram com paus e pedras a imberbe democracia. Lembro da hora em que minha esperança fugiu sem dizer se voltava: foi quando um deles mostrou a bunda enrolada em uma bandeira —como é feia a face glútea da ignorância.
Não sei bem quando a minha esperança reapareceu, mas me lembro de senti-la ao meu lado meses depois ao ver uma garota cruzar o Círculo Polar Ártico sozinha a bordo de uma embarcação de nome Sardinha. Se dois bíceps tão finos e um veleiro tão frágil podem enfrentar o mar revolto, quantas coisas uma população de 8 bilhões de pessoas não podem enfrentar juntas?
Pena que nem sempre 8 bilhões de pessoas estão juntas, como a guerra logo veio para lembrar. Um certo horror, que julgávamos enterrado, reapareceu na estrela de Davi pichada de forma antissemita numa porta, em bebês feitos de refém, em hospitais bombardeados, em 8.000 crianças palestinas mortas, em outras sendo amputadas sem anestesia, na fome sendo usada como arma de guerra, no mundo assistindo a isso calado. Sem falar nos........© UOL
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