Lula subiu em três palanques em menos de 48 horas. Na Bahia, em Pernambuco e no Ceará, o presidente fez o que governantes fazem quando querem mostrar serviço e fazer política: assinou o acordo para o início de uma obra, festejou a retomada de outra e lançou a pedra fundamental de uma terceira. Discursou de improviso e vestiu seu figurino.

O petista é um presidente palanqueiro por excelência. Quase todos são, por gosto ou obrigação —a única exceção recente talvez seja Michel Temer, a quem faltavam popularidade e disposição. Mas poucos aproveitaram esse espaço para cultivar uma imagem e fortalecer uma conexão com suas bases como Lula em seus dois governos anteriores.

Nesses eventos, Lula lançava planos políticos gestados em gabinetes (o batismo de Dilma Rousseff como "mãe do PAC"), apontava quem deveria ser identificado como aliado (o palanque que dividiu com Fernando Collor em 2009) e marcava o nome de rivais (a promessa de "extirpar" o DEM da política brasileira).

O conforto que esses palcos oferecem, com plateias cheias de apoiadores, também incentiva o político a expor suas ideias e recados em estado puro. Costumam aparecer ali, de forma crua, a maneira como ele quer ser visto pelo eleitor, a mensagem que espera ver difundida e as disputas políticas que alimenta.

Na passagem pelo Nordeste, Lula exibiu algo próximo de uma versão genuína de Lula. Em todas as praças, prometeu o aumento do salário mínimo e indicou que gostaria de ter a educação como marca deste mandato. Atacou o governo passado ("uma praga de gafanhoto que destruiu quase tudo o que a gente tinha feito") e reclamou da elite do país.

O discurso na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, foi o mais expressivo. O petista exaltou investimentos bilionários na Petrobras, celebrou uma revanche pessoal contra a Lava Jato e partiu para cima de seus acusadores ("o inferno os aguarda"). Lula colheu aplausos de seus partidários e apertou os botões que costumam atiçar a oposição.

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Lula veste o figurino de Lula para o terceiro mandato

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20.01.2024

Lula subiu em três palanques em menos de 48 horas. Na Bahia, em Pernambuco e no Ceará, o presidente fez o que governantes fazem quando querem mostrar serviço e fazer política: assinou o acordo para o início de uma obra, festejou a retomada de outra e lançou a pedra fundamental de uma terceira. Discursou de improviso e vestiu seu figurino.

O petista é um presidente palanqueiro por excelência. Quase todos são, por gosto ou obrigação —a única exceção recente talvez seja Michel Temer, a quem faltavam popularidade e disposição. Mas poucos aproveitaram esse espaço para cultivar uma imagem e fortalecer uma conexão com suas bases como Lula em seus dois governos anteriores.

Nesses eventos, Lula lançava planos políticos gestados em gabinetes (o batismo de Dilma Rousseff como "mãe do PAC"),........

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