Lula tirou bom proveito do que pode se chamar de "bônus do retrovisor" neste primeiro ano. A decisão de interromper algumas das políticas mais destrutivas de Bolsonaro rendeu pontos logo de saída. O contraste também ofereceu a oportunidade de pôr para rodar uma gestão com pé e cabeça. Este é o governo que será julgado ao fim do mandato.

O meio ambiente, a diplomacia e outras áreas foram retiradas da zona de influência dos rancores da extrema direita. A transição para a normalidade fez com que um presidente pudesse ser cobrado por seus compromissos de preservação, por suas alianças internacionais e pelos resultados das escolhas feitas fora do campo das teorias conspiratórias.

A recuperação de uma agenda social fez com que o assunto deixasse de ser só uma ferramenta periférica para dar estabilidade ao governo. Houve até gente no Congresso preocupada com os custos dessa rede de proteção, apesar de ter ajudado o último presidente a arrombar o cofre para bancar um pacotão eleitoral.

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Após quatro anos de preparação golpista e o ataque de 8 de janeiro, estabeleceu-se um governo que admitiu se submeter aos contrapesos de um Congresso conservador, sem convocar manifestações por um novo AI-5. Pelo lado negativo, buscou conforto num abraço reprovável com o Supremo e cedeu a uma acomodação exigida pelos generais.

Já o ônus de um governo considerado normal é um sarrafo mais alto. O efeito de comparação tem duração limitada, surgem menos maluquices para distrair o eleitor e há uma cobrança maior por resultados concretos. Não planejar golpe, não ameaçar tribunais, não detonar vacinas e não destruir a reputação do país conta muito, mas é insuficiente.

O verdadeiro desafio do terceiro governo Lula nem começou. Será preciso manter um equilíbrio na economia, tocar reformas na educação e na saúde além da correção de rumos, encontrar uma política racional para a segurança pública e, também, asfixiar os riscos de corrupção numa máquina inchada.

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Lula tira bom proveito do bônus do retrovisor e adia ônus para 2024

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30.12.2023

Lula tirou bom proveito do que pode se chamar de "bônus do retrovisor" neste primeiro ano. A decisão de interromper algumas das políticas mais destrutivas de Bolsonaro rendeu pontos logo de saída. O contraste também ofereceu a oportunidade de pôr para rodar uma gestão com pé e cabeça. Este é o governo que será julgado ao fim do mandato.

O meio ambiente, a diplomacia e outras áreas foram retiradas da zona de influência dos rancores da extrema direita. A transição para a normalidade fez com que um presidente pudesse ser cobrado por seus compromissos de preservação, por suas alianças internacionais e pelos resultados das escolhas feitas fora do campo das teorias conspiratórias.

A recuperação de uma agenda social fez com que o assunto deixasse de ser só uma ferramenta periférica para dar estabilidade........

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