Os títulos dos jornais na última semana sobre a aposta europeia no hidrogénio verde (H2), demonstram a importância deste alternativo aos hidrocarbonetos tradicionais (gás e petróleo). Concretizando, "Von der Leyen defende aposta no hidrogénio verde e anuncia projecto no Brasil" (Observador, 20.11), "Arranca o primeiro leilão de produção de hidrogénio. Bruxelas tem 800 milhões para ajudar produtores" (Capital Verde, 23.11) e "Para acelerar a independência energética, Europa terá um cabo de 1000 Km até ao Egipto" (pplware, 23.11). Precisamente, a independência energética face à Rússia, que a guerra veio permitir/facilitar a imposição da agenda da descarbonização na Europa.

Este é o cenário macro, do qual Sines faz parte, enquanto potencial hub energético do Mediterrâneo Ocidental, juntamente com Espanha e Marrocos. Por isso mesma, é importante estes três realizarem o Campeonato do Mundo de Futebol em 2030. Há que entremear os grandes projectos didacticos com o lúdico, para os sorrisos contaminarem a pirâmide do pico do vértice até à base, a partir dos entendimentos e boas-vontades necessárias a partir dos decisores.

Ora isto permite-me abordar um tema nada alheio às minhas preocupações enquanto cidadão português. O actual cenário nacional, as razões porque este governo se foi aguentando de escândalo em escândalo e a forma como caiu, é demonstrativo de um país sem projecto, de um povo sem rumo, que se alimenta de fotografias de comida nas redes sociais. Foram 50 anos a "apalpar terreno" e a tentar fazer diferente, só porque sim! Isso, mais toda a herança de praticamente 900 anos a lutar, em todas as direcções. Transportado para 2023 e à aparente inexistência de um inimigo externo, continuamos a lutar, mas uns contra os outros, portugueses contra portugueses! Por isso mesmo, representando o hidrogénio e o lítio, o "ouro branco" que nos permitiria mais 900 anos de independência, há que ser destruído na lógica novecentista do "quanto pior melhor"! Porquê? Porque somos um país sem projecto definido, porque chegámos ao cúmulo de nos termos tornado em marinheiros que não sabem nadar, para vergonha dos egrégios avós da Portugueza!

Em segundo, temos o Ministério Público a cometer erros de palmatória! Acreditam mesmo nisso? Que a "velha também não sabe nadar"? É aqui que a destruição passa da política para os "agentes da soberania", já que estes "erros" minam primeiro a confiança do cidadão e depois fazem prescrever "o assunto", confortando-se o mesmo cidadão, a si próprio com um "eu já sabia", o que lhe assegura

uma perspicácia superior e o faz sentir-se confortável no meio do "pântano que já foi do Guterres" e continua a sugar-nos para o "lodo do lodo"! Por isso mesmo, o "cidadão perspicaz do eu já sabia desinscreve-se", como explica José Gil, do alto dos seus desconhecidos 84 anos. E não se inscrever é muito mais do que não participar nas eleições, é não tirar a fotocópia, não enviar o mail e até trocar o remetente pelo destinatário. Porquê? "Porque se o Ministério Público pode, porque é que eu não hei-de poder?" Porque o apetite pela auto-destruição é hereditária, porque não temos projecto, porque não sabemos nadar!

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Qual é a solução? "Perder" duas gerações com um investimento sério na educação, mas a começar por baixo. Há que reerguer e reabilitar a autoridade dos professores primários nas salas de aula e depois acompanhar "em escadinha" a evolução dessa geração de alunos até ao ensino superior. Será também neste processo que se fará a prevenção ao consumo de drogas e álcool desta geração, já que as actuais estão todas poluídas com fumos, comprimidos, pastilhas e Hollywood, outro agente da "ditadura da felicidade" que se foi impondo. Como não há filmes com finais infelizes, projectamos as nossas vidas para estes "palcos da LA LA Land" e vivemos e morremos felizes, dentro da bolha da "ilusão real"!

Será difícil? Claro que sim! Fácil tem sido "governar de 4 em 4 anos", por isso mesmo aqui continuamos sem projecto, sem rumo, a enterrar o "Quinto Império", desconhecido e ignorado pelo "cidadão perspicaz", pelo "ignorante atrevido", pelo "analfabeto das redes sociais" que certamente já assinou a petição para cancelar a expressão e o projecto/ambição de um padre!

- 1º Dezembro, 08h, Seminário "Gaza, Middle East and the Paths for Peace", Universidade Federal do ABC, Auditório 002 do Bloco Beta. S. Paulo, Brasil;

- Todos os domingos, na Telefonia da Amadora, entre as 21h e as 22h, Programa "Um certo Oriente", apresentado pelo Arabista António José, um espaço onde se misturam ritmos, sons e palavras, através das suas mais variadas expressões, pelos roteiros do Médio Oriente e Ásia.

Raúl M. Braga Pires, Politólogo/Arabista, é autor do site www.maghreb-machrek.pt (em reparação) e escreve de acordo com a antiga ortografia.

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Hidrogénio verde para que te quero?!

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29.11.2023

Os títulos dos jornais na última semana sobre a aposta europeia no hidrogénio verde (H2), demonstram a importância deste alternativo aos hidrocarbonetos tradicionais (gás e petróleo). Concretizando, "Von der Leyen defende aposta no hidrogénio verde e anuncia projecto no Brasil" (Observador, 20.11), "Arranca o primeiro leilão de produção de hidrogénio. Bruxelas tem 800 milhões para ajudar produtores" (Capital Verde, 23.11) e "Para acelerar a independência energética, Europa terá um cabo de 1000 Km até ao Egipto" (pplware, 23.11). Precisamente, a independência energética face à Rússia, que a guerra veio permitir/facilitar a imposição da agenda da descarbonização na Europa.

Este é o cenário macro, do qual Sines faz parte, enquanto potencial hub energético do Mediterrâneo Ocidental, juntamente com Espanha e Marrocos. Por isso mesma, é importante estes três realizarem o Campeonato do Mundo de Futebol em 2030. Há que entremear os grandes projectos didacticos com o lúdico, para os sorrisos contaminarem a pirâmide do pico do vértice até à base, a partir dos entendimentos e boas-vontades necessárias a partir dos decisores.

Ora isto permite-me abordar um tema nada alheio às minhas preocupações enquanto cidadão........

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