No passado domingo (17), a República do Chade realizou referendo para aprovar uma nova Constituição, após a "morte duvidosa" do Presidente (PR) Idriss Déby Itno. Porquê "duvidosa"? Porque há fortes suspeitas que o que aconteceu entre 17 e 19 de abril de 2021, foi na realidade um parricídio. Desconfia-se que o filho, Mohamed Idriss Déby, matou o próprio pai, o PR, numa deslocação conjunta à frente de batalha no norte, contra o FACT, a Frente "for Change e Concórdia no Chade", um grupo insurgente que sempre encontrou refúgio no sul da Líbia.

Confirmada a morte do PR Déby, o seu filho, mais ou menos à frente do Exército Nacional, "abarbatou" a presidência, adensando o "duvidoso" desta morte com um tiro nas costas à queima-roupa!

Déby filho garantiu 18 meses de transição e eleições livres logo de seguida, prazo já largamente ultrapassado, por influência militar, segundo os locais esclarecidos.

Haroun Kabadi, coordenador do voto no "Sim", diz que a nova Constituição garantirá uma ambição antiga do FACT e de outros grupos insurgentes, o estabelecimento de comunidades autónomas, com assembleias e conselhos tradicionais. Uma "proto-federação", que permitirá a eleição de representantes locais e a colecta de impostos regionais. Uma ambição antiga do FACT e de outros grupos, mas cuja rejeição agora acaba por ser irracional! Porquê?

Porque os defensores do voto no "Não", cheios de nódoas negras e narizes partidos, "perdido por um perdido por mil", exigem a constituição de uma Federação efectiva e imediata, sob a justificação que desde 1960, data da independência do colonizador francês e apesar de ter petróleo, "o Chade nunca se desenvolveu exponencialmente, de acordo com as suas potencialidades", segundo o testemunho de Brice Nguedmbaye Mbaimon, coordenador do "Não".

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Os "Assim-Assim", apelaram ao boicote, dizendo que o referendo apenas se trata de uma manobra de diversão para o reforço dos militares no poder. O próprio Primeiro-Ministro Albert Pahimi Padacke disse que os militares tiveram um predomínio exagerado na organização do referendo realizado no domingo.

Os dados estão lançados, o referendo realizou-se, aguardando-se a divulgação dos resultados no dia 24 de Dezembro. Independentemente do resultado, o processo em devolver o Chade à constitucionalidade perdida em Abril de 2021, foi agora iniciado no final de 2023, processo que se espera provoque um contágio regional aos também golpistas sahelianos Mali, Burquina e Níger!

- Todos os domingos, na Telefonia da Amadora, entre as 21h e as 22h, Programa "Um certo Oriente", apresentado pelo Arabista António José, um espaço onde se misturam ritmos, sons e palavras, através das suas mais variadas expressões, pelos roteiros do Médio Oriente e Ásia.

Raúl M. Braga Pires, Politólogo/Arabista, é autor do site www.maghreb-machrek.pt (em reparação) e escreve de acordo com a antiga ortografia.

QOSHE - Chade – Referendo 2023 - Raúl M. Braga Pires
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Chade – Referendo 2023

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19.12.2023

No passado domingo (17), a República do Chade realizou referendo para aprovar uma nova Constituição, após a "morte duvidosa" do Presidente (PR) Idriss Déby Itno. Porquê "duvidosa"? Porque há fortes suspeitas que o que aconteceu entre 17 e 19 de abril de 2021, foi na realidade um parricídio. Desconfia-se que o filho, Mohamed Idriss Déby, matou o próprio pai, o PR, numa deslocação conjunta à frente de batalha no norte, contra o FACT, a Frente "for Change e Concórdia no Chade", um grupo insurgente que sempre encontrou refúgio no sul da Líbia.

Confirmada a morte do PR Déby, o seu filho, mais ou menos à frente do Exército Nacional, "abarbatou" a presidência, adensando o "duvidoso" desta morte com um tiro nas costas à........

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