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O direito ao Natal

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Há dias assisti a uma conversa num restaurante, e por mais que tentasse não assistir, era impossível, tais eram os decibéis usados pelos jovens, e menos jovens, atores. Dizia um, que estava na minha direção, com um ar muito convicto: «Eu recuso-me a fazer a cena em que tenho de dizer uma coisa sobre o aspeto físico do outro personagem, pois não quero ser cancelado». Pelo que percebi, os outros presentes apoiaram-no na decisão, embora uma miúda com pelo na venta dizia que isto é o fim da linha, a autocensura. Levando como resposta, um «não sabes que estamos numa ditadura?». Calculo que se estivesse a referir ao fantástico mundo das novelas ou programas coloridos das televisões, em que o wokismo dita leis – se essa praga tivesse existido com esta força há 30 anos em países como o Brasil ou Portugal, figuras como Jô Soares ou Herman José nunca teriam ‘nascido’ –, mas a conversa incomodou-me. Gente nova e menos nova já se autocensura para não ser cancelada. É o mundo de pernas para o ar.

Como o fanatismo do wokismo ainda espreita em cada esquina, é natural que a cegueira ideológica leve alguns a cancelar festas de Natal ou a esconder decoração alusiva à época festiva para não ‘ofender’ outras crianças........

© Sapo