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Quando a frase mata o pensamento

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18.12.2025

Há um ruído permanente entre o que é dito e o que chega a nós. E esse ruído já não é inocente.

Vivemos no tempo do soundbite, da frase arrancada a ferros de um discurso maior, do excerto conveniente que cabe num título, num rodapé televisivo ou num post inflamado. Já não se procura a essência, procura-se o impacto. Já não se explica, reage-se. E, muitas vezes, reage-se mal.

O caso recente das declarações do ministro da Educação é apenas mais um exemplo de um problema bem mais profundo. Uma frase retirada do seu contexto total ganhou vida própria, foi despida da intenção, da construção do raciocínio e do propósito final. E, assim isolada, transformou-se noutra coisa. Noutra narrativa. Noutra verdade fabricada.

O mais grave é que hoje se inverteu a ordem natural das coisas. Já não é o que foi dito que importa, mas aquilo que o ouvinte achou que ouviu. Já não se discute o conteúdo, discute-se a perceção. A opinião passa a valer mais do que o facto. A reação mais do que a reflexão. A........

© Sapo