O Matuto e o Fiel Amigo
O Matuto lasca-se por um bom bacalhau. Dona Sirlei, a gentil esposa do Matuto, aprendeu com Dona Celeste, a mãe do Matuto, a arte de preparar um inebriante bacalhau. Recém-saído do forno, o “fiel amigo” pode borbulhar em natas, ou disfarçar-se entre camadas de batatas tostadas e cebola alourada, hibernando sob uma cobertura de migalhas de broa; ou ainda apresentar-se em postas altaneiras, regado a fios dourados de azeite fino.
Ora, o Matuto gosta do bacalhau a desfazer-se em lascas firmes, húmidas e honestas. Os temperos, como a cebola, o alho, a salsa e o azeite, são da praxe. As azeitonas pretas e os ovos cozidos são, para o Matuto, detalhes decorativos. Como companhia, o “fiel amigo” pode ter grão-de-bico (fofo), couves portuguesas, batata palha, batata cozida, batata a murro ou puré de batata; legumes salteados na manteiga ou no azeite — abóbora, brócolos, pimentões. Todos estes ingredientes são desejáveis e até essenciais.
Essencial, mesmo, é que um bom prato de bacalhau tenha esta fusão de elementos em perfeita harmonia existencial. Ou seja: nada de guarnições à parte. Um bom prato de bacalhau dispensa aconchegos laterais. E nunca se relaciona gastronomicamente com arroz branco. Queredo! Isso é heresia nos hábitos Matutanos. Um arroz de grelos ou de brócolos pode, no entanto, ser um guarda-costas saboroso para o bacalhau — mas aí entra toda........





















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