A poucos dias de entrarmos em 2024, faz-nos bem olhar para a frente e tentar identificar alguns desafios. Cada um terá os seus, mas aqui cabe-nos avaliar os que partilhamos enquanto sociedade. Há cinco essenciais: manter a democracia nos eixos; apoiar os mais frágeis; não esquecer a guerra da Ucrânia; cuidar do projecto europeu; e celebrar Abril.

1. No ano em que metade do mundo é chamada às urnas, a saúde da democracia deve estar no centro das preocupações. Em especial quando intuímos que os extremos ainda não cresceram tudo o que podem vir a crescer, com os seus discursos radicais e polarizadores. E como nem só os políticos são responsáveis pela qualidade da democracia, este é um desafio que nos convoca a todos — no caso de Portugal, até o faz três vezes no ano (regionais em Fevereiro, legislativas em Março e europeias em Junho).

2. Manter o apoio aos mais frágeis (incluindo os que fazem parte do tecido empresarial) é uma opção política e o resultado das eleições pode trazer um novo rumo. Reforçar os salários (incluindo o mínimo), as prestações sociais ou as ajudas às PME não é subsidiodependência. É criar um país solidário. Parece óbvio, mas será um desafio para 2024 tentar conjugar as diferentes visões políticas sobre este tema sem deixar cair os mais vulneráveis.

3. Após 7 de Outubro, o conflito no Médio Oriente, com tantas mortes em tão pouco tempo, desviou as atenções da guerra na Ucrânia e acabou por dificultar a aprovação dos pacotes de financiamento tão necessários para que a invasão não progrida. Mas a guerra continua viva e, acima de tudo, não saiu das portas da Europa. A contra-ofensiva que se espera em 2024 é também política e a 27 — apesar da pedra no sapato que é a Hungria.

4. O projecto europeu pode sofrer no próximo ano uma evolução inesperada, na sequência das eleições de Junho. Os (des)equilíbrios do futuro hemiciclo de Estrasburgo trarão ameaças novas a uma instituição burocrática e de resposta lenta. Cabe-nos não desistir da ideia de uma Europa solidária e acarinhá-la num momento difícil.

5. Finalmente: celebrar Abril. O cinquentenário da Revolução dos Cravos chega em clima de escolhas e a melhor forma de comemorar as conquistas de 1974 é fazer boas escolhas, incluindo eleitorais, que nos permitam ter também boas respostas para os problemas que se vão manter, como a inflação, a crise na habitação ou o bom funcionamento de serviços públicos essenciais. Este é um desafio nosso enquanto sociedade, mas é sobretudo um desafio individual.

QOSHE - Cinco desafios para 2024: o ano das escolhas - Sónia Sapage
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Cinco desafios para 2024: o ano das escolhas

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29.12.2023

A poucos dias de entrarmos em 2024, faz-nos bem olhar para a frente e tentar identificar alguns desafios. Cada um terá os seus, mas aqui cabe-nos avaliar os que partilhamos enquanto sociedade. Há cinco essenciais: manter a democracia nos eixos; apoiar os mais frágeis; não esquecer a guerra da Ucrânia; cuidar do projecto europeu; e celebrar Abril.

1. No ano em que metade do mundo é chamada às urnas, a saúde da democracia deve estar no centro das preocupações. Em especial quando intuímos que os extremos ainda não cresceram tudo o que podem vir a crescer, com os seus discursos radicais e polarizadores. E como nem só os políticos são........

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