Quem não tem na sua memória certa noite de verão, com a temperatura lá fora perfeita? Aqueles breves momentos do ano em que a temperatura do ar parece afinada à centésima de grau Celcius para manter o equilíbrio ideal para com a humidade relativa, a velocidade da brisa, a nossa constituição física e o nosso estado — se estivemos a correr ou em repouso. Esses raros momentos em que o próprio ar é como uma extensão da nossa pele, em perfeita harmonia térmica. Um equilíbrio impossível, já que quase sempre conseguimos preferir, nem que seja, meio grau acima ou abaixo.

As condições atmosféricas são por natureza instáveis. Felizmente, inventou-se a arquitectura que, quando bem-sucedida, permite estender esses breves momentos de ambiente perfeito. Os edifícios podem ser vistos como uma segunda camada de roupa: enquanto a primeira protege o nosso corpo nu e frágil, a segunda protege o nosso espaço imediato, onde a vida acontece.

Ao passo que o vestuário é algo pessoal — cada um sabe de si —, o ambiente arquitectónico é partilhado: com a nossa família, os nossos colegas de........

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