Jacques Delors assumiu a presidência da Comissão Europeia em 1985, um período marcado por importantes mudanças geopolíticas e pelo desejo de reforçar os laços entre as nações europeias. Jacques Delors impressionava pela sua liderança visionária, uma qualidade exemplificada pela sua defesa da integração europeia. Nos anais da política europeia, Jacques Delors emerge como uma figura imponente, célebre pelo seu inabalável empenhamento numa Europa mais coesa e pelo seu papel fundamental na expansão da União Europeia.

Delors reconheceu o significado histórico da integração de Portugal na UE, encarando-a não apenas como um alargamento, mas como um passo para a promoção da unidade e da estabilidade no continente. A habilidade diplomática de Delors tornou possível a Europa a 27 que hoje é uma realidade.

Em Bruxelas, Delors revelou-se uma figura fundamental para o avanço da integração europeia. Um dos seus grandes símbolos foi a criação, em 1987, do programa Erasmus, que já beneficiou milhões de estudantes. No mesmo ano, entrou em vigor o Ato Único Europeu, que foi o culminar do mercado único e da consequente livre circulação de bens, serviços, capitais e pessoas de que hoje usufruímos no espaço Schenghen.

A visão federalista de Delors não se limitava à integração económica, mas estendia-se ao objetivo mais vasto de criar uma Europa politicamente coesa. A convicção de Delors era que uma União Europeia maior e mais diversificada poderia realizar melhor o seu potencial como força de paz, prosperidade e valores partilhados.

As próprias palavras de Delors dão uma ideia profunda da sua visão da Europa. Uma das suas célebres citações sintetiza o seu empenhamento na unidade europeia: "A Europa precisa de ser uma união de corações e mentes, não apenas uma união de economias. Temos de construir um sentido de objetivo comum, um destino partilhado".

O fortalecimento da UE sob a liderança de Delors marcou um momento decisivo, expandindo o alcance geográfico da União e reforçando o seu empenhamento nos princípios da solidariedade e da cooperação. Esta abordagem inclusiva de Delors lançou as bases para os alargamentos subsequentes, promovendo um sentimento de pertença entre as nações que aspiram a juntar-se à família europeia como pode ser hoje a Ucrânia.

Ao reflectirmos sobre a vida de Jacques Delors, torna-se claro que o seu legado federalista se estende para além das reformas económicas. Os sucessivos alargamentos da União Europeia são um testemunho da visão duradoura de Delors de uma Europa unida que transcende as fronteiras nacionais. Os seus contributos, juntamente com as suas palavras inspiradoras, continuam a moldar o curso da União Europeia, recordando-nos que a procura da unidade e da colaboração continua a ser fundamental para o seu êxito.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

QOSHE - Jacques Delors: arquiteto da unidade europeia e pai de uma Europa federal - Marcos Melo Antunes
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Jacques Delors: arquiteto da unidade europeia e pai de uma Europa federal

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29.12.2023

Jacques Delors assumiu a presidência da Comissão Europeia em 1985, um período marcado por importantes mudanças geopolíticas e pelo desejo de reforçar os laços entre as nações europeias. Jacques Delors impressionava pela sua liderança visionária, uma qualidade exemplificada pela sua defesa da integração europeia. Nos anais da política europeia, Jacques Delors emerge como uma figura imponente, célebre pelo seu inabalável empenhamento numa Europa mais coesa e pelo seu papel fundamental na expansão da União Europeia.

Delors reconheceu o significado histórico da integração de Portugal na UE, encarando-a não apenas como um alargamento, mas como um passo para a promoção da unidade e da estabilidade no........

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